Zambelli renuncia ao mandato após condenações no STF e fuga para a Itália
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) formalizou neste domingo (14) a renúncia ao mandato na Câmara dos Deputados. A informação foi confirmada pela assessoria da presidência da Casa, que informou o recebimento do pedido pela Secretaria-Geral da Mesa.
Com a renúncia, a vaga passa a ser ocupada pelo suplente mais votado do Partido Liberal em São Paulo, Adilson Barroso. Na carta entregue ao Legislativo, Zambelli afirmou ser vítima de perseguição política e declarou que sua trajetória pública não foi construída de forma ilegítima. Segundo o texto, a ex-deputada disse manter a consciência tranquila diante dos acontecimentos.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), declarou que a decisão fez parte de uma estratégia conjunta da defesa. De acordo com ele, a renúncia ampliaria as possibilidades jurídicas para que Zambelli permaneça em liberdade na Itália, onde se encontra atualmente.
Apesar da saída do cargo, a renúncia não altera as condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Zambelli foi sentenciada a 10 anos de prisão por participação na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, em parceria com o hacker Walter Delgatti Neto, com o objetivo de inserir documentos falsos, incluindo um suposto mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. A decisão transitou em julgado, sem possibilidade de recurso, e prevê a perda do mandato e a suspensão dos direitos políticos.
A ex-deputada também foi condenada a cinco anos e três meses de prisão por perseguir armada um apoiador do presidente Lula na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Ambas as condenações foram confirmadas por unanimidade na Primeira Turma do STF.
Na última quarta-feira (10), o plenário da Câmara rejeitou o pedido de cassação de Zambelli, que não alcançou os 257 votos necessários. Dois dias depois, o STF reafirmou a determinação de perda automática do mandato. Como a decisão ainda não havia sido formalmente comunicada à Câmara, a parlamentar conseguiu apresentar o pedido de renúncia.
Zambelli deixou o Brasil e seguiu para a Itália. Após ser incluída na lista de procurados da Interpol, ela foi presa nos arredores de Roma. O governo brasileiro já solicitou a extradição, que ainda será analisada pela Justiça italiana.
Parlamentares da oposição criticaram a condução do caso. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que a renúncia não produz efeitos jurídicos sobre as condenações e cobrou o cumprimento imediato das decisões do Supremo.

