União Brasil e Progressistas ameaçam desembarque do Governo Lula após crise com MP do IOF

Mais uma turbulência sacode os bastidores políticos em Brasília, com sinais cada vez mais claros de que a federação União Progressista — formada por União Brasil e Progressistas — pode deixar oficialmente a base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas últimas horas, os dois partidos divulgaram uma declaração conjunta se posicionando contra a Medida Provisória que propõe alternativas ao reajuste do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida, elaborada pelo Ministério da Fazenda, provocou reação imediata das lideranças da federação, que passaram a tratar a pauta como um divisor de águas na relação com o Palácio do Planalto.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Progressistas, afirmou que o estatuto da federação deve ser oficializado no próximo dia 9 de julho. Após isso, será discutida a inclusão de uma cláusula que proíbe qualquer filiado de participar do atual governo federal.
Segundo apuração do Portal Metrópoles, líderes das duas siglas avisaram pessoalmente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a oposição à MP do IOF. Internamente, o posicionamento vem sendo lido como o prenúncio de um desembarque formal do governo Lula, o que causaria forte impacto na correlação de forças no Congresso Nacional.
Até o momento, dois nomes expressivos da Paraíba — o senador Efraim Filho (União Brasil) e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (Progressistas) — ainda não se pronunciaram publicamente sobre o possível rompimento.
Críticas ao governo e cálculo político
Nos bastidores, caciques do Centrão avaliam que o governo Lula enfrenta crescente desaprovação popular e desgaste político, agravado por erros estratégicos. “O presidente não terá tempo, orçamento ou equipe capazes de reverter esse cenário”, avaliam interlocutores das legendas.
Entre os problemas citados pelo grupo, estão:
- A crise do Pix, no início do ano, com comunicação falha e recuo de medidas;
- O escândalo das fraudes no INSS, cuja condução foi considerada desastrosa;
- E, mais recentemente, a medida provisória do IOF, classificada como “mais um aumento de imposto” sem respaldo da base.
Impacto no Congresso
Se confirmado o rompimento, o cenário se complica ainda mais para o Planalto. União Brasil e Progressistas somam 109 deputados e 13 senadores, o que representa a maior bancada da Câmara e a terceira maior no Senado. Mesmo sem alinhamento em temas ideológicos, essas bancadas vinham apoiando pautas econômicas importantes para o governo.
Cargos em jogo
Atualmente, o União Brasil ocupa três ministérios:
- Comunicações, com Frederico de Siqueira Filho;
- Turismo, com Celso Sabino;
- Integração e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes.
Além disso, comanda órgãos estratégicos como a Codevasf.
O Progressistas, por sua vez, detém o comando do Ministério do Esporte, com o deputado licenciado André Fufuca, e a presidência da Caixa Econômica Federal, ocupada por Carlos Vieira Fernandes, indicado por Arthur Lira.
Se a ruptura se confirmar, haverá pressão pela saída desses indicados e uma redistribuição de cargos, acirrando a disputa interna por espaço no governo.