Trump diz que ofensivas terrestres contra narcotráfico na Venezuela devem começar “em breve”
Presidente afirma que EUA ampliarão ações após queda no tráfico marítimo; clima de tensão com Caracas cresce

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (27) que operações terrestres contra o narcotráfico na Venezuela devem ser iniciadas “muito em breve”. A declaração foi feita durante uma conferência com militares, na qual ele comentou que o tráfico por rotas marítimas estaria diminuindo, abrindo espaço para uma ofensiva por terra — considerada por ele um alvo “mais fácil”.
Segundo Trump, Washington já advertiu Caracas: “Alertamos eles a pararem de enviar veneno para o nosso país”. O presidente, porém, não deu detalhes sobre o formato nem sobre o calendário dessas ações.
Escalada verbal nos últimos dias
A fala amplia a tensão diplomática que vem se acumulando. Dois dias antes, Trump havia afirmado estar disposto a lidar com a Venezuela “do jeito difícil”, caso julgasse necessário.
Ainda durante a semana, ao ser questionado no Air Force One sobre a possibilidade de diálogo com Nicolás Maduro, mesmo após acusar o venezuelano de liderar uma organização terrorista, Trump respondeu que conversaria se isso pudesse “salvar vidas” ou resolver a situação “do jeito fácil”. Mas completou: “Se tivermos que fazer isso do jeito difícil, tudo bem também”.
Cartel de los Soles entra na lista de entidades terroristas
Logo no início da semana, o governo americano classificou o Cartel de los Soles como organização terrorista. Os EUA alegam que o grupo, supostamente liderado por Maduro, participa do envio de drogas ao território norte-americano.
A Venezuela nega as acusações, e especialistas contestam a própria existência do cartel.
Presença militar reforçada no Caribe
Desde setembro, os EUA ampliaram sua atuação militar na região. Foram enviados oito navios de guerra, caças F-35 e o porta-aviões Gerald Ford, o maior do mundo, que chegou ao Caribe neste mês. O governo americano afirma que a mobilização tem como único objetivo intensificar o combate ao tráfico de drogas.
Apesar disso, crescem especulações sobre uma eventual tentativa de remover Maduro do poder por meio de ação militar, incluindo uma possível invasão terrestre.
Fontes do governo ouvidas pelo site Axios disseram que não há, “neste momento”, plano para capturar ou matar o presidente venezuelano. Uma das autoridades, que falou sob anonimato, afirmou que as operações secretas dos EUA miram o narcotráfico — e não Maduro —, mas acrescentou: “Se Maduro sair, não derramaremos uma lágrima”.
Washington mantém “todas as opções na mesa”
Trump destacou que a nova classificação do Cartel de los Soles como entidade terrorista dá base legal para atacar alvos ligados a Maduro dentro da Venezuela. Ele disse não ter intenção de fazê-lo, mas voltou a afirmar que “todas as opções” permanecem sobre a mesa.
O governo venezuelano reagiu, acusando os EUA de buscarem impor uma mudança de regime. Caracas classificou como “ridícula” a inclusão do Cartel de los Soles na lista de grupos terroristas e rejeitou qualquer ligação com o esquema.
Foto: Andrew Harnik/Getty Images

