Tarcísio defende que Lula ligue para Trump para negociar tarifas sobre produtos brasileiros
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu nesta segunda-feira (11) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligue diretamente para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a fim de negociar a redução das tarifas impostas a produtos brasileiros desde 6 de agosto.
A declaração foi feita durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio, em São Paulo. Para Tarcísio, contatos diretos de alto nível são essenciais:
“Quantas vezes vamos ter reuniões de alto nível no Departamento de Estado? Quantas vezes vamos ter a ligação do presidente brasileiro com o presidente americano? É isso que vai fazer a diferença, para que a gente mostre e traga os argumentos.”
O governador também criticou a Lei da Reciprocidade, sancionada por Lula em 15 de julho, que autoriza o Brasil a retaliar países que adotem medidas unilaterais prejudiciais à competitividade nacional. Na visão dele, o instrumento “fica na gaveta” e não surte efeito contra economias muito maiores que a brasileira. Ele defendeu “ir para a mesa de negociação” e manter o equilíbrio nas relações com EUA e China.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reagiu à proposta, classificando-a como “um pouco ingênua”. Segundo ele, conversas diretas entre chefes de Estado exigem preparação prévia para gerar resultados e, no momento, nem mesmo ministros dos dois países têm conseguido avançar no diálogo devido a resistências nos EUA.
Desde o anúncio do tarifaço de 50% por Trump, em 9 de julho, Tarcísio alterou o tom: após críticas iniciais ao governo federal, passou a buscar protagonismo nas negociações, reunindo-se com representantes da embaixada americana e articulando contatos com governadores de estados dos EUA para tentar reduzir as tarifas.
No evento, também foi discutida a retirada de tarifas para setores de alimentos. O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, anunciou planos para abrir um escritório em Washington e contratar consultorias para auxiliar nas negociações com o governo americano.