Senado aprova fiscalização relâmpago nos Correios e irrita base do governo
Em menos de um minuto, oposição emplaca investigação sobre prejuízo bilionário da estatal; aliados de Lula reclamam de "manobra"

O Senado aprovou nesta quarta-feira (3) uma proposta de fiscalização dos Correios, apresentada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e relatada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em uma votação-relâmpago que durou cerca de 30 segundos. A iniciativa foi aprovada na Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC) sem debate e sem oposição formal, mas causou protestos da base governista.
A proposta surgiu após os Correios registrarem um prejuízo de R$ 2,69 bilhões e prevê investigação, com apoio do Tribunal de Contas da União (TCU), sobre possíveis irregularidades contábeis, má gestão, riscos operacionais e eventuais fraudes na estatal.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), principal nome da base do governo na comissão, chegou atrasado à sessão e acusou o presidente da CTFC, Hiran Gonçalves (PP-RR), de atropelar o processo e impedir o debate. “Isso é uma manobra clara para não permitir discussão”, afirmou. Gonçalves rebateu dizendo que o relatório esteve disponível previamente e que a tramitação seguiu os trâmites legais.
A oposição conseguiu avançar com a proposta graças ao novo controle do colegiado, agora sob comando do PP, partido do bolsonarista Ciro Nogueira. Nos dois primeiros anos do governo Lula, a comissão esteve sob responsabilidade de aliados, como o senador Omar Aziz (PSD-AM).
Apesar de ter poder limitado — sem prerrogativas como convocar testemunhas ou quebrar sigilos —, a comissão pode requisitar informações e produzir relatórios com apoio técnico do TCU. A base do governo teme desgaste político diante da repercussão do caso.
Foto: Agência Brasil