Reunião sobre tarifaço de Trump com Alckmin e governadores é cancelada
Encontro discutiria sanções de 50% a produtos brasileiros impostas pelos EUA; ausência de governadores enfraqueceu iniciativa
A reunião emergencial convocada para esta quarta-feira (30) entre o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e governadores para discutir o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros foi cancelada. A medida norte-americana, anunciada pelo presidente Donald Trump, começa a valer a partir desta sexta-feira (1º de agosto).
O encontro, que ocorreria na Vice-Presidência da República, foi articulado por Ibaneis Rocha (MDB-DF), presidente do Fórum dos Governadores, que esteve com Alckmin na última segunda-feira (28) e solicitou urgência nas discussões.
A ausência confirmada de diversos governadores, incluindo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG), que preferiram enviar seus vices, enfraqueceu o encontro. Até mesmo aliados do governo federal, como Raquel Lyra (PSD-PE), não confirmaram presença.
Designado pelo presidente Lula (PT) para liderar a reação à medida norte-americana, Alckmin também atua como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Até o momento, o Brasil não conseguiu estabelecer diálogo com interlocutores do governo Trump. Segundo fontes diplomáticas, o embargo teria motivações políticas — entre elas, o cerco judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Governadores de direita enfrentam um dilema político. Tarcísio, por exemplo, comanda um dos estados mais afetados pelo tarifaço, mas tem evitado confronto direto com Trump, aliado de Bolsonaro.
De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os estados do Sudeste — São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais — devem ser os mais impactados, por liderarem o volume de exportações para os EUA.
Foto: Marcelo Camargo
