Presidente da Caixa emprega filha de deputado, irmão de prefeito, ex-mulher de ministro do STF e advogado de Arthur Lira

O presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, emprega em cargos de assessoramento direto parentes e aliados políticos de figuras influentes do Centrão e do governo, segundo lista obtida via Lei de Acesso à Informação (LAI).
Entre os nomes estão a filha do deputado federal Wilson Santiago (Republicanos-PB), o irmão do prefeito de Maceió, JHC (PL-AL), a ex-esposa do ministro do STF Kassio Nunes Marques, e o advogado de Arthur Lira (PP-AL), padrinho político de Vieira.
A lista, entregue pela Caixa após determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), inclui 15 assessores da presidência que não são servidores de carreira. Segundo funcionários, os salários podem chegar a R$ 40 mil mensais.
Durante quatro meses, a estatal resistiu em divulgar as informações, alegando riscos à segurança e concorrência. A CGU rejeitou os argumentos, destacando que a transparência é essencial “para o controle social sobre a utilização de cargos estratégicos”.
Entre os assessores nomeados estão:
- Maria Socorro Mendonça Carvalho Marques, ex-mulher do ministro Kassio Nunes Marques, nomeada em dezembro de 2023;
- Mayara Santiago, filha do deputado Wilson Santiago, também contratada no fim de 2023;
- João Antônio Holanda Caldas, irmão do prefeito JHC, nomeado em fevereiro de 2024;
- Luiz Maurício Carvalho e Silva, advogado ligado a Arthur Lira, no cargo desde setembro de 2024.
A Caixa afirmou, em nota, que todas as contratações seguem “as normas internas e os ritos de governança, compliance e integridade da instituição” e que possui mecanismos para evitar conflitos de interesse.
Carlos Vieira foi indicado para a presidência do banco por Arthur Lira no fim de 2023. Desde então, os cargos de confiança vêm sendo ocupados por nomes ligados a partidos do Centrão, como PP, Republicanos e PL.
A divulgação ocorre em meio a pressões políticas internas e à recente demissão de José Trabulo Junior, consultor ligado ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), após a derrota do governo na Câmara em uma medida provisória sobre aumento de impostos.
Foto: José Cruz/Agência Brasil