Postura de Lula no Brics pode ter motivado tarifaço dos EUA, avalia economista
Defesa de uma moeda alternativa ao dólar teria colocado o Brasil em rota de colisão com Washington, mesmo sem conflito direto

A defesa feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por uma moeda alternativa ao dólar nas negociações do Brics pode ter influenciado diretamente o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A avaliação é do economista-chefe da ARX Investimentos, Gabriel Leal de Barros, em entrevista ao Poder360.
Segundo ele, ao propor que o Brics atue para “desintermediar o dólar”, Lula aproximou o Brasil do perfil de países sancionados ou em guerra — como Rússia, China e Irã —, mesmo sem haver envolvimento direto em conflitos geopolíticos. “O Brasil entrou gratuitamente nesse conflito”, afirmou o economista.
Durante a cúpula do Brics no Rio de Janeiro, em agosto, Lula reforçou seu apoio ao uso de moedas alternativas em transações internacionais e, segundo Barros, pareceu “instigar uma reação” dos Estados Unidos ao fazer declarações repetidas sobre o tema.
Risco de novas sanções
Gabriel Barros também alertou para o risco de novas retaliações, especialmente por conta das importações de diesel, petróleo e fertilizantes da Rússia, que se tornou a maior fornecedora desses itens ao Brasil. Esses produtos ficaram de fora do tarifaço atual, mas podem ser incluídos em uma próxima rodada de sanções.
“Se isso acontecer, o Brasil pode ter bastante dificuldade para se reequilibrar do ponto de vista de atividade econômica”, concluiu o economista.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil