Político pode ter empresa? Professor Emir Candeia reflete sobre ética na relação entre poder público e negócios
Em comentário publicado na seção “Pensamento Plural”, o professor Emir Candeia reflete sobre a relação entre políticos e o setor empresarial. Segundo ele, ter empresa não é crime — o que é ilegal é o uso do cargo público para favorecer negócios privados, o chamado tráfico de influência.
“Sim, o político pode ter empresa. O que a lei proíbe é que ele seja administrador direto durante o mandato e, principalmente, que use o cargo para beneficiar seus próprios interesses”, afirma Candeia.
O debate foi reacendido com a notícia de que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, lançou sua própria marca de smartphones e uma empresa de telefonia — a Trump Mobile.
No artigo, Candeia traça um paralelo entre Fernando Haddad (ministro da Fazenda), que construiu sua carreira exclusivamente na vida pública e acadêmica, e Paulo Guedes (ex-ministro da Economia), que atuou no setor financeiro por décadas antes de ingressar na política.
“Guedes entrou no governo depois de enriquecer com seu trabalho no setor privado, enquanto muitos políticos brasileiros vivem da máquina pública e para ela, sem histórico de empreendedorismo ou preparo técnico”, aponta.
O professor destaca que o problema não é ter empresa, mas sim usar o cargo público como trampolim para enriquecer. Como exemplo de ética, cita o ex-governador José Maranhão, que atuou no setor privado sem utilizar o poder público em benefício próprio.
Para Candeia, o Brasil deve valorizar gestores públicos com histórico de trabalho fora do Estado e punir aqueles que veem a política como “atalho para o enriquecimento pessoal”. E conclui: “O Estado não é herança nem trampolim. O político que se comporta como empresário do poder público não é empreendedor — é oportunista.”
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Fonte: Blog Helder Moura