Política

Plenário esvaziado e protestos marcam discurso de Netanyahu na ONU

Delegações de vários países, incluindo o Brasil, abandonam sessão em protesto contra a guerra em Gaza, enquanto manifestações tomam as ruas de Nova York

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi recebido com um plenário quase vazio ao discursar na Assembleia Geral da ONU nesta sexta-feira (26). Representantes de dezenas de países, entre eles Brasil, Irã, Turquia e Indonésia, deixaram o local em protesto contra a condução israelense na guerra em Gaza e em apoio à criação de um Estado palestino.

Do lado de fora da ONU, milhares de manifestantes reuniram-se na Times Square com cartazes como “Parem de matar Gaza de fome agora” e “Prendam Netanyahu”. O protesto, que contou principalmente com jovens ativistas, ecoou críticas à atuação israelense e ao apoio contínuo dos EUA ao governo de Netanyahu.

Apesar do esvaziamento do plenário, a galeria para convidados estava lotada — uma possível estratégia do governo israelense para demonstrar apoio simbólico, como ocorrido em edições anteriores.

Durante seu discurso, Netanyahu reforçou que Israel precisa “terminar o serviço” iniciado em Gaza, referindo-se ao combate ao Hamas, que classificou como ameaça persistente após os ataques de 7 de outubro. Ao mesmo tempo, usou a tribuna para criticar os líderes que reconheceram o Estado Palestino, acusando-os de “premiar assassinos”.

A pressão internacional contra a guerra e a ocupação da Cisjordânia aumentou nas últimas semanas. Países como França, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal formalizaram o reconhecimento do Estado palestino antes do início da assembleia. O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, denunciou por videoconferência o que chamou de “genocídio monitorado” em Gaza.

Enquanto isso, o governo israelense segue com planos de expansão dos assentamentos na Cisjordânia, incluindo o polêmico projeto E1, que pode isolar Jerusalém Oriental do restante do território palestino.

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, mesmo após demonstrar apoio à ocupação da Faixa de Gaza, afirmou recentemente que não permitirá a anexação da Cisjordânia, alertando que isso colocaria em risco os Acordos de Abraão e a estabilidade na região.

As manifestações contra Netanyahu não ficaram restritas à ONU. Na véspera, 14 pessoas foram detidas em Nova York durante um protesto em frente ao hotel onde o premier está hospedado. Nos EUA e em outras partes do mundo, protestos e críticas à guerra em Gaza seguem crescendo.

Foto: AFP

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