PF faz buscas contra deputado Júnior Mano por suspeita de desvio de recursos públicos no Ceará
Operação investiga fraudes em licitações e esquema de caixa dois para financiar campanhas eleitorais em 2024

A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (8), uma operação contra um grupo suspeito de desviar recursos públicos por meio de fraudes em processos licitatórios no estado do Ceará. Um dos principais alvos é o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE), que teve seus endereços e gabinete na Câmara dos Deputados vasculhados.
A ação, autorizada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão em Brasília e nos municípios cearenses de Fortaleza, Nova Russas, Canindé e Baixio. A operação contou com apoio técnico da Controladoria-Geral da União (CGU).
Segundo a PF, os contratos públicos fraudados serviram para abastecer um esquema de caixa dois e compra de votos em campanhas eleitorais de 2024. O bloqueio de R$ 54,6 milhões foi determinado para impedir movimentações financeiras ilícitas e garantir eventual ressarcimento ao erário.
As investigações começaram após denúncia da ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos), que apontou a existência de um esquema de desvio de emendas parlamentares em mais de 50 municípios cearenses.
Um dos operadores do suposto esquema seria Carlos Alberto Queiroz Pereira, conhecido como Bebeto do Choró (PSB), atualmente foragido. Ele teria oferecido emendas de Júnior Mano a gestores municipais em troca de comissão.
Citação direta do deputado
Em nota, Júnior Mano negou envolvimento nos crimes investigados:
“Não tenho qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos”, afirmou o parlamentar.
Ele reiterou confiança no Judiciário e nas instituições, afirmando acreditar que sua conduta será esclarecida.
O deputado, atualmente no PSB, foi lançado em fevereiro como pré-candidato ao Senado pelo senador Cid Gomes. Ele se filiou ao partido após ser expulso do PL, legenda ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O líder do PSB na Câmara, Pedro Campos (PE), também se pronunciou, destacando a importância da apuração dos fatos com respeito ao devido processo legal e à ampla defesa.
Foto: Elaine Menke/PL