Oposição pede CPI para investigar fraudes bilionárias em aposentadorias do INSS
Com apoio de 185 deputados, comissão pretende apurar esquema de descontos indevidos revelado por reportagens e alvo de operação da PF

Deputados federais da oposição protocolaram nesta quarta-feira (30) o pedido de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do “Roubo dos Aposentados”, que pretende investigar fraudes milionárias em descontos indevidos aplicados a aposentadorias e pensões pagas pelo INSS.
O escândalo veio à tona por meio de uma série de reportagens do portal Metrópoles, iniciadas em dezembro de 2023, e resultou em uma operação da Polícia Federal na última semana. O esquema envolve entidades que, segundo as investigações, aplicavam cobranças fraudulentas em nome de terceiros, inflando seus ganhos mensais de R$ 85 milhões para R$ 250 milhões — com prejuízo estimado em R$ 2 bilhões por ano.
O requerimento de instalação da CPI foi liderado pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e reuniu 185 assinaturas, superando as 171 necessárias, conforme o regimento da Câmara dos Deputados. A instalação da comissão, no entanto, depende da decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que indicou haver uma fila de pedidos e não garantiu prioridade ao caso.
Chrisóstomo argumenta que o estado da Paraíba, reduto político de Motta, foi um dos mais atingidos pelas fraudes, o que reforçaria a necessidade de investigação urgente. Apesar disso, a oposição já articula a criação de uma comissão mista — com deputados e senadores — como alternativa, caso a CPI não avance na Câmara.
A comissão parlamentar teria poderes de investigação, como requisição de documentos, convocação de autoridades e realização de audiências públicas.
O caso envolve, até o momento, 29 entidades que ampliaram exponencialmente seus lucros mesmo estando envolvidas em mais de 62 mil ações judiciais movidas por aposentados que denunciam descontos indevidos.