Brasil

Sobretaxa de 50% dos EUA atinge exportações brasileiras a partir desta quarta-feira

Medida atinge 36% dos produtos brasileiros, com impacto em carnes, café e máquinas agrícolas; decisão tem motivação política e críticas ao Judiciário

Entrou em vigor à 1h01 (horário de Brasília) desta quarta-feira (6) a sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras aos Estados Unidos, decretada pelo presidente norte-americano Donald Trump. A medida atinge 36% dos produtos exportados pelo Brasil, incluindo itens estratégicos como máquinas agrícolas, carnes e café, e representa o maior percentual entre as cerca de 70 tarifas anunciadas pelos EUA na última semana.

Segundo o governo brasileiro, a sobretaxa ocorre em um contexto de crescente tensão política entre os dois países. Embora o decreto trate de medidas econômicas, o texto faz críticas diretas ao governo brasileiro, menciona o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e cita o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu por suposta tentativa de golpe em 2022. A Casa Branca afirma que as tarifas visam combater “ameaças incomuns e extraordinárias à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.

Exceções e impactos

Apesar da abrangência, 43% do valor das exportações brasileiras aos EUA foi poupado da nova alíquota, graças a cerca de 700 exceções previstas no decreto. Estão isentos da tarifaço produtos como derivados de petróleo, ferro-gusa, suco de laranja e itens da aviação civil, o que beneficia empresas como a Embraer. Outros 20% dos produtos, como aço, alumínio e autopeças, seguem sujeitos a tarifas setoriais já existentes.

Um exemplo do impacto direto é o etanol, cuja tarifa passou de 2,5% para 52,5%. Itens de menor peso na balança comercial, como frutas, sal e produtos de pequenas e médias empresas, também foram afetados.

Motivação política e dados distorcidos

Trump já havia imposto, desde abril, uma sobretaxa de 10% a diversos países. Em julho, adicionou mais 40% especificamente ao Brasil, alegando motivações políticas. Na carta que precedeu o decreto, o republicano justificou a medida citando, de forma equivocada, um suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil — na verdade, os norte-americanos têm superávit.

Especialistas apontam que, mesmo com parte das exportações isentas, a decisão prejudica cadeias estratégicas da economia brasileira e pode desestimular o comércio bilateral.

Brasil é o mais afetado

A tarifa de 50% aplicada ao Brasil é a mais alta entre os países afetados pelas novas medidas dos EUA. Na mesma rodada, Trump impôs sobretaxas de 41% para a Síria, 39% para a Suíça, 35% para o Canadá, 30% para a África do Sul, 25% para a Índia e 15% para a Venezuela. O México conseguiu negociar um prazo de 90 dias antes da aplicação da tarifa.

Foto: Alan Santos/PR

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