Moraes afirma que não cederá à pressão de Trump e critica “falsas narrativas” sobre o STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou que não recuará diante das pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que classificou decisões do magistrado sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “caça às bruxas”. Trump ainda citou Bolsonaro em um decreto que impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Em entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post, publicada nesta segunda-feira (18), Moraes disse que continuará conduzindo as investigações de forma independente, ressaltando que “quem tiver de ser condenado, será condenado; e quem tiver de ser absolvido, será absolvido”.
O ministro afirmou que o Brasil enfrenta forças que tentam desfazer a democracia, e comparou a situação do país a uma “doença” que precisa de vacina, em referência à proteção da Constituição e das instituições democráticas. Moraes também destacou que o trabalho no STF é de devido processo legal, mencionando a investigação sobre os atos do 8 de janeiro, que já ouviu 179 testemunhas.
Ao comentar críticas de ex-colegas, como Marco Aurélio Mello, Moraes afirmou: “Não há como recuarmos do que devemos fazer. Digo isso com total tranquilidade”. Ele negou ter poder excessivo e afirmou que mais de 700 de suas decisões já foram revistas pelos colegas da Corte, sem ter perdido nenhuma.
Moraes destacou ainda a influência da história política e constitucional dos Estados Unidos em sua formação, citando autores como John Jay, Thomas Jefferson e James Madison. Sobre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ministro afirmou que “falsas narrativas” e desinformação envenenaram as relações entre Brasil e EUA, incluindo a divulgação de acusações pessoais.
O ministro Alexandre de Moraes também comentou a inclusão de seu nome na lista de sanções da Lei Magnitsky, que envolve restrições econômicas e sociais impostas pelos Estados Unidos. Apesar disso, afirmou que mantém uma visão positiva sobre a relação bilateral entre os países.
“É agradável passar por isso? Claro que não é agradável”, disse Moraes, reafirmando sua postura de independência e compromisso com o estado democrático de direito no Brasil.