Maduro transforma aplicativo estatal em ferramenta de vigilância na Venezuela
VenApp, antes usado para denúncias de serviços públicos, passa a monitorar cidadãos sob pretexto de segurança nacional

O ditador Nicolás Maduro ordenou a criação de uma nova versão do aplicativo VenApp, que agora permitirá aos venezuelanos reportar “tudo o que veem e ouvem” ao governo. A medida, anunciada em um evento transmitido pela TV estatal VTV, visa — segundo Maduro — “proteger a Venezuela de ameaças externas”, mas tem sido duramente criticada por ampliar o controle social e a vigilância estatal.
O VenApp foi lançado em 2022 para denúncias de falhas em serviços públicos, mas passa agora a ser um instrumento de monitoramento de cidadãos, com participação direta da milícia bolivariana e da Força Armada Nacional Bolivariana. Durante o discurso, Maduro exaltou o papel do povo como “olhos e ouvidos do Estado”, reforçando o caráter de delação popular.
Organizações internacionais e opositores venezuelanos alertam que a medida pode intensificar a perseguição política. Em 2024, a Anistia Internacional já havia denunciado o uso do aplicativo para delatar e intimidar opositores, classificando a prática como uma violação de direitos humanos.
O regime nega abusos e afirma que os presos são “criminosos” ou “agitadores”. A oposição, que reivindica a vitória nas últimas eleições com Edmundo González, teme que o VenApp sirva para consolidar um Estado policial, onde o próprio cidadão é transformado em agente de vigilância.
Maduro, por outro lado, defende o sistema como um “instrumento de paz e segurança”, reafirmando a retórica de que a lealdade ao governo é sinônimo de patriotismo — em mais um passo rumo à censura e ao controle total sobre a sociedade venezuelana.

