Lupi pede demissão após escândalo no INSS exposto pela PF
Ministro da Previdência cai após operação revelar esquema milionário de descontos indevidos em benefícios de aposentados

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão nesta sexta-feira (2/5) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pedido foi aceito por Lula e ocorre dias após a deflagração da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que investiga fraudes em descontos realizados na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A saída de Lupi acontece após o enfraquecimento político causado pelo escândalo, revelado pelo portal Metrópoles, que apontou irregularidades cometidas por entidades autorizadas a descontar mensalidades associativas diretamente nos benefícios de segurados — mesmo sem consentimento.
Segundo a reportagem, 29 entidades aumentaram seu faturamento em até 300% em um ano, mesmo respondendo a mais de 60 mil ações judiciais por descontos indevidos. Muitos aposentados foram filiados sem saber e tiveram valores entre R$ 45 e R$ 77 descontados automaticamente.
A investigação levou ao afastamento de dirigentes do INSS, incluindo o então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, nomeado por Lupi. Apesar de inicialmente manter apoio ao indicado, Lupi passou a ser pressionado após a revelação de que foi informado sobre as irregularidades ainda em 2023, mas não tomou providências.
A resistência do ministro em demitir Stefanutto, mesmo após ordem direta de Lula na manhã da operação, também teria gerado desconforto no Palácio do Planalto. Em coletiva no mesmo dia, Lupi tentou blindar o aliado, exaltando sua conduta e histórico profissional.
O escândalo mobilizou ainda a Controladoria-Geral da União (CGU) e aprofundou o desgaste político do ministro, resultando na decisão de deixar o cargo. A saída deve abrir espaço para uma recomposição no ministério e possível reorganização de cargos no INSS.