Política

Lula e Trump têm primeira reunião oficial e iniciam negociações sobre tarifas comerciais

Encontro de 50 minutos em Kuala Lumpur marca retomada do diálogo entre Brasil e Estados Unidos; líderes discutiram tarifas, comércio e Venezuela

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump se reuniram neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, para discutir as tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. O encontro, que durou cerca de 50 minutos, foi o primeiro entre os dois líderes desde o início da nova gestão norte-americana e marcou o início de um processo de negociação bilateral.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, classificou a conversa como “extremamente positiva” e afirmou que Trump se comprometeu a orientar sua equipe a iniciar as negociações já nesta semana.

“Esperamos concluir, em poucas semanas, uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, afirmou o chanceler.

O que foi discutido na reunião

Negociações comerciais e tarifas

Lula reiterou o pedido para que as tarifas impostas pelos EUA sejam suspensas durante o período de negociação. Trump, por sua vez, declarou que pretende dar instruções imediatas à sua equipe econômica para definir um cronograma de trabalho conjunto entre os dois países.

Déficit comercial e justificativas

De acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, o presidente brasileiro destacou que o Brasil não deveria estar sujeito às mesmas tarifas aplicadas a outros países, uma vez que mantém déficit na balança comercial com os Estados Unidos.

Lei Magnitsky e situação de Bolsonaro

O governo brasileiro afirmou que a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro não foi tema da conversa. Lula, no entanto, mencionou a aplicação da Lei Magnitsky contra autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF), argumentando que não há perseguição política nem jurídica no país.

Relação com a Venezuela

Lula também se ofereceu para atuar como interlocutor entre os Estados Unidos e a Venezuela, buscando uma reaproximação diplomática entre os dois países. Trump teria agradecido o gesto e se mostrado aberto ao diálogo mediado pelo governo brasileiro.

Próximos passos

Segundo o chanceler Mauro Vieira, as equipes dos dois governos devem se reunir novamente nesta segunda-feira (27) para dar início às tratativas. A expectativa é que as discussões avancem sobre comércio bilateral, minerais críticos e terras raras.

O Brasil também deve reiterar o pedido de suspensão das tarifas enquanto durar o processo de negociação, embora não haja prazo definido para uma decisão.

Além disso, Lula e Trump manifestaram interesse em realizar visitas recíprocas — o norte-americano pretende ir ao Brasil, e o presidente brasileiro afirmou que aceitará um convite para visitar Washington “com prazer”.

“O diálogo foi franco. O presidente Lula deixou claro que a motivação utilizada pelos Estados Unidos para impor tarifas não se aplica ao Brasil. Trump foi receptivo e orientou sua equipe a seguir dialogando conosco”, completou Vieira.

Foto: Evelyn Hockstein/Reuters

📎 Fonte: Itamaraty / G1 / Agência Brasil 

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