Lula confirma presença na ONU, mas comitiva enfrenta entraves com vistos dos EUA
Pendências diplomáticas e demora na emissão de documentos afetam nomes da delegação brasileira, incluindo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem presença confirmada na 80ª Assembleia Geral da ONU, marcada para a próxima semana em Nova York. No entanto, a composição da comitiva presidencial ainda é incerta, devido à demora na emissão de vistos por parte dos Estados Unidos para alguns integrantes do governo brasileiro.
Entre os casos pendentes está o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cujo visto venceu e teve renovação solicitada pelo Itamaraty em 19 de agosto. Até o momento, não houve resposta oficial do governo norte-americano. Interlocutores próximos ao ministro afirmam que, mesmo com a possível liberação, há chances de Padilha permanecer no Brasil devido a compromissos ministeriais.
O diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, Marcelo Marotta Viegas, declarou nesta segunda-feira (15) que os vistos ainda não emitidos estão “em vias de processamento”, mas destacou que a decisão é soberana dos Estados Unidos.
A situação levou o Brasil a manifestar preocupação formal ao comitê de relações com o Estado-sede da ONU na última sexta-feira (12), alertando sobre o impacto diplomático da demora. A própria ONU classificou a situação como “preocupante”.
A tensão ocorre em meio a um clima político delicado entre os dois países. Sob a administração de Donald Trump, os EUA aplicaram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e revogaram vistos de autoridades brasileiras, incluindo o ministro do STF, Alexandre de Moraes, e assessores ligados ao programa Mais Médicos.
Apesar dos entraves, o visto do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já foi renovado, e o do presidente Lula está em situação regular, segundo fontes diplomáticas.
Lula embarcará para os Estados Unidos no próximo fim de semana e deve permanecer em Nova York até o dia 25. Ele fará o tradicional discurso de abertura da Assembleia da ONU no dia 23, seguindo o presidente americano Donald Trump, com quem pode se encontrar nos corredores do evento.
Além da abertura oficial, a agenda presidencial inclui encontros e debates sobre democracia, mudanças climáticas e a criação do Estado palestino.
