Leis de Tarcísio enfrentam resistência no STF e tensionam relação com ministros
Três projetos-chave do governador paulista estão sob análise da Corte; decisões podem impactar planos estaduais e eleitorais

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem atualmente três leis de sua gestão sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF) — cenário que, segundo aliados, pode gerar desgastes políticos e comprometer suas articulações tanto no Estado quanto em nível nacional.
As leis em julgamento envolvem temas estratégicos:
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a implementação de escolas cívico-militares; 
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a regularização de terras públicas ocupadas irregularmente, com descontos de até 90% na venda a fazendeiros; 
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e a regulamentação do serviço de mototáxis por aplicativos. 
✅ Escolas cívico-militares: decisão parcial favorável
Na semana passada, o STF permitiu a continuidade do programa de escolas cívico-militares em São Paulo, ao decidir que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) não tinha competência para barrar a medida. A decisão, com relatoria do ministro Gilmar Mendes, foi vista como um alívio para o governo estadual.
No entanto, a constitucionalidade do modelo ainda será debatida em momento futuro pela Corte, e a decisão final é crucial para Tarcísio, já que o programa representa um importante aceno à base bolsonarista.
⚖️ Lei das terras: julgamento pendente
Outro ponto de atenção é a chamada lei das terras devolutas, que permite a venda de terras públicas a fazendeiros com até 90% de desconto, mesmo quando ocupadas de forma irregular. A ação que questiona a legalidade da medida está sob relatoria da ministra Cármen Lúcia.
Tarcísio já se reuniu com a ministra para tentar garantir a constitucionalidade da proposta, considerada uma estratégia de aproximação com o agronegócio, setor onde possui forte apoio. O julgamento ainda não tem data marcada, mas é aguardado com expectativa pelo Palácio dos Bandeirantes.
🛵 Mototáxis: liminar suspende lei estadual
Na última segunda-feira (22), o ministro Alexandre de Moraes concedeu uma liminar suspendendo a lei estadual que exigia autorização das prefeituras para funcionamento de mototáxis por aplicativo. A medida havia sido sancionada por Tarcísio em junho e era um gesto de apoio ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), aliado do governador e crítico das empresas que oferecem o serviço.
A decisão é provisória e ainda será analisada pelo plenário do STF.
⚠️ Relação política com o STF pode piorar
Apesar de manter, até então, uma boa relação institucional com os ministros da Corte, a situação pode se deteriorar. Isso porque Tarcísio tem feito declarações críticas ao Supremo. Em 7 de setembro, por exemplo, chamou Alexandre de Moraes de “tirano” durante manifestações, além de criticar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de vítima de “injustiça”.
Aliados avaliam que esse comportamento pode prejudicar o diálogo com o STF em momentos decisivos, especialmente diante de projetos de impacto nacional, que exigem articulação política e institucional mais cuidadosa.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

