Inquérito contra padre acusado de intolerância religiosa pode ser prorrogado na Paraíba
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O inquérito que apura as declarações do padre Danilo César, denunciado por intolerância religiosa após citar a morte da cantora Preta Gil durante uma missa, poderá ser prorrogado por mais 30 dias. A informação foi confirmada pela Polícia Civil ao g1 nesta segunda-feira (1º).
Segundo a delegada Socorro Silva, responsável pela investigação em Areial, de onde partiram as primeiras denúncias, o pedido de prorrogação será encaminhado à Justiça nesta terça-feira (2). O motivo é a necessidade de ouvir testemunhas que registraram boletins de ocorrência e que serão ouvidas em Puxinanã.
Cabe ao juiz decidir se o prazo será ou não ampliado.
As declarações
No dia 27 de julho, durante uma homilia na Paróquia de Areial, o padre questionou a fé de Preta Gil, morta por câncer nos Estados Unidos, e citou o cantor Gilberto Gil:
“Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”
O sacerdote também criticou católicos que recorrem a religiões de matriz africana, afirmando:
“Eu só queria que o diabo viesse e levasse.”
As falas foram consideradas preconceituosas pela Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria, que registrou boletim de ocorrência. Outros dois registros semelhantes foram feitos na sequência.
Repercussão e defesa
Em depoimento, o padre alegou que apenas expressava a fé católica, sem intenção de ofender outras religiões ou a memória da artista.
A Diocese de Campina Grande, responsável pela paróquia, informou anteriormente que o sacerdote, por meio da assessoria jurídica, prestará todos os esclarecimentos necessários, mas não se posicionou após os novos desdobramentos.
O caso também gerou reação da família da cantora. O pai dela, o cantor Gilberto Gil, notificou extrajudicialmente o padre e a Diocese, exigindo uma retratação pública pelo mesmo canal em que a missa foi transmitida, além da abertura de processo disciplinar eclesiástico no prazo de 10 dias úteis.