Hugo Motta na corda bamba: entre acenos ao governo e cobranças da oposição, presidente da Câmara desagrada a todos

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem protagonizado momentos de oscilação política que começam a desgastar sua imagem em Brasília. De um lado, é pressionado por aliados do Planalto; de outro, enfrenta ataques diretos da oposição, que já o acusa de “traição” e “frouxidão” política.
Caso INSS e a negativa à CPI
O mais recente capítulo desse malabarismo político envolve o rombo bilionário no INSS. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) protocolou pedido para instalação de uma CPI, mas Motta recorreu ao Supremo Tribunal Federal para barrar o requerimento, alegando que há outras CPIs na fila. O caso agora está nas mãos do ministro Luís Roberto Barroso, o mesmo que, no governo Bolsonaro, determinou a instalação da CPI da Covid — contrariando a vontade do então presidente da Câmara, Arthur Lira.
Zambelli: vai, mas volta
Outra polêmica envolve a deputada Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pelo STF. Ao ser notificado sobre o caso, Hugo Motta afirmou que atenderia à decisão do Supremo que prevê a cassação do mandato. A reação da oposição foi imediata: o presidente da Câmara foi tachado de “traidor” e “frouxo” por aliados da parlamentar. Diante da pressão, recuou e disse que a palavra final caberá ao plenário da Casa.
Governo Lula: críticas públicas e jantares reservados
No campo econômico, a atuação de Motta também tem sido dúbia. Durante evento do Movimento Esfera com empresários, o deputado criticou a alta carga tributária e afirmou que o governo arrecada muito e entrega pouco. No entanto, pouco depois, foi visto em um jantar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, onde acenou positivamente à aprovação de projetos de interesse do Planalto — inclusive com previsão de aumento de impostos, como o IOF.
Oscilação perigosa
Nos bastidores, a avaliação é que Hugo Motta tem atuado de forma pendular: ora favorece a base do presidente Lula, ora tenta agradar a oposição. O resultado? Tem descontentado ambos os lados.
A indecisão constante pode custar caro. Se continuar sem uma postura clara e estratégica, Motta corre o risco de encerrar sua presidência da Câmara sob desgaste, à semelhança de nomes como Rodrigo Maia, que deixou o comando da Casa em meio a forte rejeição e isolamento político.
Como já se diz nos bastidores de Brasília:
“Hugo Motta janta com Lula, dorme com a oposição, mas toma café sozinho”.