Política

Hugo Motta critica narrativa do Planalto e defende independência do Congresso após queda de decreto do IOF

Deputado rebateu acusações de que o Legislativo protege os ricos e alertou contra discurso de polarização social vindo do Governo

Mais um capítulo foi adicionado à crescente tensão entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados. O pivô mais recente do embate é a derrubada, pelo Congresso, do decreto presidencial que aumentava as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), uma medida do governo Lula que acabou sendo invalidada também pelo Supremo Tribunal Federal.

O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), líder da bancada do partido e uma das vozes mais influentes no Legislativo, tem sido um dos principais articuladores do Congresso neste embate. Em entrevista à TV Record, repercutida pelo portal Metrópoles, ele defendeu o posicionamento da Câmara e criticou a tentativa do governo de responsabilizar o Parlamento pela queda do decreto.

“O que algumas pessoas querem é que os deputados voltem a ter um pires na mão nos ministérios, numa relação de dependência. Isso fragiliza o Legislativo e fortalece a imposição do Executivo. Não vamos aceitar isso, porque essa independência foi uma conquista”, afirmou o parlamentar.

Hugo também contestou a justificativa do governo de que o aumento do IOF atingiria apenas as classes mais ricas. Para ele, a medida teria impactos negativos mais amplos.

“Essa narrativa de que o IOF é um imposto que só atinge os ricos não é verdadeira. Ele tem efeito em toda a cadeia econômica, ajudando inclusive a aumentar a inflação e o custo para micro e pequenos empreendedores”, argumentou.

Em resposta às críticas feitas por integrantes do PT e do próprio presidente Lula, o deputado reafirmou o compromisso do Congresso com as pautas sociais:

“O Congresso não protege ricos em detrimento dos pobres. Estamos apoiando todas as medidas sociais do governo. Essa narrativa é falsa e tenta jogar a população contra o Parlamento.”

Por fim, Hugo condenou o que chamou de tentativa de “criar uma luta de classes”, afirmando que o país precisa de união, não de polarização.

“Estimular uma polarização social não é o que o Brasil precisa agora. Entendo que há um interesse político em antecipar o debate de 2026, mas esse discurso não se sustenta e é prejudicial ao país”, concluiu.

A declaração de Hugo Motta evidencia a crescente insatisfação no Congresso com o que parlamentares interpretam como tentativas do Executivo de enfraquecer a autonomia do Legislativo, num momento em que o Planalto precisa fortalecer pontes para aprovar pautas prioritárias no segundo semestre.

Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

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