Política

Governo Lula libera R$ 3,2 bilhões em emendas durante julgamento de Bolsonaro no STF

Maior volume foi pago no dia 9, em meio à tentativa do Planalto de conter apoio do Centrão à anistia de golpistas. Estratégia visa garantir derrota do projeto no Congresso.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acelerou o pagamento de emendas parlamentares durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente na semana das condenações. Desde o início da análise do caso pela Suprema Corte, foram liberados R$ 3,2 bilhões em emendas, numa tentativa de fortalecer a base governista e conter o apoio do Centrão à proposta de anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado.

Somente na última terça-feira (9), quando o STF retomou o julgamento com os votos dos ministros, o Executivo liberou R$ 2,3 bilhões — o maior volume de emendas pagas em um único dia neste ano, de acordo com dados do Portal da Transparência compilados pelo portal Metrópoles.

Na série histórica, esse é o nono maior valor nominal pago em um único dia, desconsiderando a inflação. O recorde foi em 13 de dezembro de 2024, quando o governo desembolsou R$ 5,8 bilhões. A expectativa é que o Planalto continue irrigando as bases eleitorais dos parlamentares para conter o avanço do projeto de anistia.

Do total de R$ 3,2 bilhões liberados nas duas semanas de julgamento, R$ 2,9 bilhões (91,3%) correspondem a emendas individuais — mecanismo geralmente associado a retorno eleitoral para os deputados e senadores. O restante inclui R$ 142 milhões (4,3%) de emendas de bancadas estaduais, R$ 80,8 milhões (2,4%) de comissões temáticas e R$ 60,2 milhões (1,85%) do relator do Orçamento.

O governo teme que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), leve a proposta de anistia ao plenário. Uma ala do Centrão apoia a oposição nessa iniciativa, enquanto outra deseja votar para arquivar o projeto de vez. A base aliada de Lula busca fortalecer esse segundo grupo e garantir a derrota definitiva da anistia.

A retenção anterior no pagamento de emendas contribuiu para recentes derrotas do governo, como na CPMI das fraudes no INSS. A oposição, com apoio do Centrão, conseguiu eleger os nomes para a presidência e relatoria da comissão, contrariando os interesses do Planalto.

Agora, o objetivo é fortalecer a posição de Hugo Motta, que resiste à anistia, para que ele negocie diretamente com líderes do Centrão e mantenha o projeto fora da pauta.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasi

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