Governo Lula enfrenta crise com fraudes no INSS e tenta evitar CPI no Congresso
Após demissão de Carlos Lupi, Planalto corre para conter desgaste político e encontrar solução para ressarcir aposentados prejudicados por esquema de desvios
O escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desencadeou uma nova crise no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que agora atua em duas frentes: barrar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e garantir a devolução dos valores desviados de aposentados. A gravidade do caso levou à demissão do então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), substituído por Wolney Queiroz, seu secretário-executivo e aliado político.
A nomeação de Queiroz, vista como uma solução política em meio à crise, gerou críticas até mesmo dentro do governo, por manter o comando da pasta nas mãos do PDT, mesmo após os escândalos. A falta de experiência técnica do novo ministro também tem sido alvo de questionamentos, e a oposição já se mobiliza para convocá-lo ao Congresso.
No Legislativo, o governo tenta barrar o avanço da CPI com o apoio dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre. No caso da Câmara, onde há uma fila de 12 pedidos de CPIs e apenas cinco podem funcionar simultaneamente, a estratégia é adiar a análise do caso até que a pressão diminua. No Senado, a articulação é para impedir a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI).
Paralelamente, há divergências internas sobre como restituir os valores desviados dos beneficiários. A equipe econômica se opõe ao uso de recursos do Tesouro Nacional, por temer impactos na dívida pública. Já a ala política defende um crédito extraordinário, mesmo que isso implique maior endividamento. O presidente Lula avalia uma alternativa intermediária: utilizar recursos emergenciais enquanto aguarda a recuperação judicial de bens das entidades envolvidas nas fraudes.
A crise no INSS representa mais um desafio para o Planalto, que busca preservar a governabilidade e evitar desgaste prolongado às vésperas de debates importantes no Congresso.