De todos os movimentos políticos mais recentes de Lula, colocar Gleisi Hoffmann na articulação política do governo foi um dos mais arriscados. Deve ter sido também um dos mais pensados (foi?). Porque para arriscar tão alto assim num momento em que o governo precisa de paz com as instituições e tempo para reagir e recuperar popularidade junto ao povo é o mesmo que apostar na vitória da seleção do Catar contra a poderosa seleção da Argentina. Ou seja, só acontece se der zebra.
A toda poderosa presidente nacional do PT é daquelas consideradas “petista raiz” que não perde uma briga no twitter, trocando tapa, no sentido virtual, com qualquer um que ouse atacar a esquerda. Vale ainda registrar que a dupla Gleisi no Governo e Lidenberg Farias, seu atual marido, na liderança do governo na Câmara pode ser chamada de dupla explosiva.
Numa expressão bonita, Gleisi, como se sabe, gosta é do conflito. O pior é que gosta do conflito contra adversários políticos. E gosta de conflitos internamente, dentro do PT, do próprio governo, vide o que já disse do próprio Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta gestão. E é ela que vai ser a “rainha da articulação” ao assumir a Secretaria de Relações Institucionais?
Ora, além de Haddad, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicano), não escapou da metralhadora da petista quando de sua opinião a respeito do 8 de janeiro. Gleisi chegou a dizer que é um “negacionismo inexplicável” não considerar o ato como golpe. Dizem, no entanto, que foi a boa relação com Hugo que a fez ascender ao posto que a partir do dia 10 de março irá responder.
Esperava-se, portanto, um nome do Centrão. Ou alguém do PT, mas com postura menos radical. (Tem?).
Não se sabe ao certo, mas o presidente pode ter desejado dar um recado ao Centrão, fazendo um caminho de volta à valorização petista. Ou, como pensa alguns, dizer aqueles que são “governo em Brasília e oposição em seus estados” devem tomar uma posição mais definida. Ou dar um aceno para dentro do PT a fim de acalmar bases já tão incomodadas com a impressiona ascensão do Centrão no poder. Ou tudo isso junto e mais algumas coisas.
O fato é que Lula ou Gleisi devem ter uma carta na manga muito forte para apostar que colocar gasolina no fogo vai ajudar a esfriar o clima que não está lá tão agradável no Palácio do Planalto.
