General da reserva admite autoria de plano golpista que previa sequestro de Moraes, Lula e Alckmin

O general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL), admitiu em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) ser o autor do chamado Plano Punhal Verde e Amarelo, que previa ações golpistas, incluindo o sequestro ou homicídio de autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, do STF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
O depoimento foi dado à Primeira Turma da Corte nesta quinta-feira (24), no âmbito da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os envolvidos no núcleo 2 da trama golpista. Segundo a PGR, Fernandes era considerado um dos articuladores mais radicais do plano.
Durante o interrogatório, Mário Fernandes disse que o plano era “apenas um pensamento digitalizado” e afirmou estar arrependido:
“Hoje eu me arrependo disso, era apenas um pensamento de um militar, que não foi compartilhado com ninguém”, declarou o general, preso preventivamente desde 19 de novembro de 2024.
Apesar de afirmar que não compartilhou o conteúdo, ele reconheceu que imprimiu o documento para leitura e posteriormente o rasgou.
Carreira e influência no governo Bolsonaro
Mário Fernandes teve papel destacado no governo Bolsonaro. Além de chefiar interinamente a Secretaria-Geral da Presidência, também foi assessor do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, hoje deputado federal.
Antes disso, ocupou cargos estratégicos no Exército, tendo sido promovido a general de brigada em 2016 e passando para a reserva em 2020. Entre 2018 e 2020, comandou o Comando de Operações Especiais, conhecido como “kids pretos”.
A PGR sustenta que ele coordenou, junto com o ex-assessor de Bolsonaro Marcelo Costa Câmara, ações de monitoramento e neutralização violenta de autoridades públicas, como parte do Plano Punhal Verde e Amarelo, que seria executado em dezembro de 2022.
Ainda segundo a investigação, Fernandes mantinha interlocução com lideranças envolvidas nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e incitava, por mensagens, que Jair Bolsonaro liderasse ações contra a ordem institucional.
A confissão do general deve fortalecer a denúncia contra outros investigados, ao mesmo tempo em que complica ainda mais a situação de aliados próximos do ex-presidente.
Foto: Isac Nóbrega/PR