Família de Preta Gil notifica padre por falas intolerantes sobre religiões de matriz africana
Durante homilia, sacerdote ironizou fé da cantora e de Gilberto Gil; família acusa discurso de intolerância religiosa e desrespeito

A família da cantora Preta Gil notificou extrajudicialmente o padre Danilo César de Sousa Bezerra, da Igreja de São José, em Areial, na Paraíba, após declarações consideradas ofensivas feitas pelo religioso durante uma homilia, uma semana após a morte da artista em Nova York.
A notificação, assinada por Gilberto Gil e sua esposa Flora Gil, acusa o padre de intolerância religiosa. Durante o sermão, o sacerdote questionou a fé da família Gil e ironizou a ausência de cura para Preta Gil, que lutava contra um câncer, por meio de suas crenças de matriz africana. “Gilberto Gil fez uma oração aos orixás. Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, disse o padre. Ele também mencionou “forças ocultas” e chegou a desejar que “o diabo levasse” os praticantes dessas religiões.
No documento enviado à Igreja, a família afirma que as falas “desqualificam e debocham da fé professada por Preta Gil e seu pai” e que o padre “associou diretamente a espiritualidade afro-brasileira ao sofrimento da cantora, em tom e postura inapropriados”.
O episódio reacende o debate sobre a intolerância religiosa no Brasil, especialmente contra tradições afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda, frequentemente alvos de preconceito e violência simbólica.
A Diocese da região ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.