Desembargador do TRF2 é preso pela Polícia Federal em nova fase da Operação Unha e Carne
Magistrado é investigado por suposto vazamento de informações sigilosas ligadas a apuração sobre facções criminosas no Rio de Janeiro

O desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), foi preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (16), no Rio de Janeiro. A prisão ocorreu durante a Operação Unha e Carne 2, fase complementar da investigação que apura o vazamento de informações sigilosas relacionadas a ações contra o crime organizado.
Segundo a Polícia Federal, o magistrado é investigado por envolvimento no vazamento de dados da Operação Zargun, deflagrada em setembro, que resultou na prisão do então deputado estadual Thiego Raimundo de Oliveira Santos, conhecido como TH Joias, além de outras 17 pessoas suspeitas de ligação com facções criminosas. Júdice Neto é relator do processo que envolve o ex-parlamentar.
Além da prisão do desembargador, a operação cumpriu dez mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, áreas que integram a jurisdição do TRF2. As ações foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e estão inseridas no contexto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas, que trata do combate a organizações criminosas e possíveis conexões com agentes públicos.
O desembargador permanece detido na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Defesa contesta prisão
Em nota, a defesa de Macário Júdice Neto afirmou que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, teria sido “induzido a erro” ao decretar a prisão preventiva. O advogado Fernando Augusto Fernandes alegou que a defesa não teve acesso à decisão judicial que fundamentou a medida, o que, segundo ele, compromete o direito ao contraditório e à ampla defesa.
A defesa informou ainda que nada de irregular foi encontrado durante as buscas e adiantou que irá solicitar a revogação da prisão assim que tiver acesso integral aos autos. O comunicado sustenta que o afastamento do magistrado estaria sendo motivado por versões consideradas infundadas.

