CPMI do INSS cancela sessão após depoentes encontrarem brechas para não comparecer
Jucimar Fonseca envia atestado e ignora decisão da junta médica; empresário Thiago Schettini obtém habeas corpus no STF
A CPMI do INSS, que investiga descontos ilegais bilionários em aposentadorias e pensões, cancelou a sessão marcada para esta segunda-feira (17/11) depois que os dois depoentes previstos encontraram meios legais para não comparecer.
O ex-coordenador de pagamentos do INSS, Jucimar Fonseca da Silva, enviou um atestado médico, mas, mesmo após a junta médica do Senado concluir que ele estava apto a depor, informou que não compareceria. Já o empresário Thiago Schettini conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), também se ausentando do depoimento.
Considerado peça-chave na investigação, Jucimar foi alvo de 11 requerimentos de convocação, por ter ocupado o que parlamentares chamam de “posição nevrálgica” dentro do INSS. Schettini, convocado por quatro pedidos, é apontado como um dos “facilitadores” do esquema de corrupção.
Em nota, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), criticou as manobras e afirmou que a comissão não será paralisada por “ausências ou tentativas de protelação”.
Nova sessão marcada para terça-feira (18/11)
A cúpula da CPMI reagendou a sessão para esta terça-feira (18/11), quando devem ser ouvidos:
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Cecília Rodrigues Mota, presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB);
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João Carlos Camargo Júnior, sócio-administrador da Mkt Connection Group.
Ambos são considerados próximos do núcleo das investigações.
Fraudes podem ter somado R$ 6,3 bilhões
Na última reunião, Viana destacou que os próximos passos da CPMI incluirão a apuração do possível envolvimento de políticos nas fraudes. Segundo a comissão, entre 2019 e 2024, descontos ilegais feitos por associações por meio de convênios com o INSS somaram R$ 6,3 bilhões.
Instalada em agosto, a CPMI já realizou 25 sessões, ouviu diversos investigados, solicitou quebra de sigilos bancários de empresários e dirigentes de associações suspeitas e requisitou documentos a vários órgãos públicos.
Apesar do volume de ações, a comissão ainda não apresentou informações inéditas em relação ao que já foi divulgado pela Polícia Federal, que também conduz investigação paralela. Na última semana, a PF prendeu Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS.
Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

