O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (18), por unanimidade, elevar a taxa básica de juros (Selic) de 14,75% para 15% ao ano. Trata-se do maior patamar desde julho de 2006, no primeiro mandato do presidente Lula (PT).
Segundo o comunicado do Copom, caso o cenário esperado se confirme, o ciclo de alta poderá ser interrompido na próxima reunião, prevista para o fim de julho, quando o Comitê vai avaliar se o atual nível da taxa é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.
“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante e que poderá prosseguir no ciclo de ajuste, caso julgue apropriado”, destaca a nota.
Esta foi a sétima alta consecutiva da Selic e a quarta reunião sob o comando de Gabriel Galípolo, sucessor de Roberto Campos Neto.
Entre os motivos para o novo aumento, o Copom citou um ambiente externo ainda incerto, devido à conjuntura econômica nos Estados Unidos, e um cenário doméstico de atividade econômica e mercado de trabalho que, embora apresentem sinais de moderação, continuam resilientes. As projeções de inflação também permanecem elevadas.
De acordo com o Boletim Focus, a estimativa de inflação para 2025 recuou de 5,44% para 5,25%. A meta oficial é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Com a nova Selic, o Brasil passa a ter a segunda maior taxa real de juros do mundo (9,64%), atrás apenas da Turquia (14,44%), segundo monitoramento das consultorias MoneYou e Lev Intelligence.
A elevação da Selic encarece o crédito, desestimula o consumo e visa conter a inflação, mas também dificulta a expansão da economia.
Curiosamente, a alta de juros ocorre em meio a críticas anteriores do presidente Lula. No passado, o petista chamou o então presidente do BC, Roberto Campos Neto, de “inimigo público número 1” por manter os juros elevados. Gabriel Galípolo, agora no comando, era chamado por Lula de “menino de ouro”, com a promessa de que, sob sua gestão, o cenário mudaria.
