Brasil

Convênios do Ministério do Trabalho disparam e chegam a R$ 132 milhões em 2023

ONGs ligadas a aliados políticos e entidades sob suspeita estão entre as principais beneficiadas; pasta alega retomada de políticas públicas

O valor dos convênios firmados pelo Ministério do Trabalho com organizações não governamentais (ONGs) deu um salto expressivo em 2023, alcançando R$ 132 milhões, ante os R$ 25 milhões registrados no ano anterior, segundo dados oficiais. O aumento se deve, em parte, a emendas parlamentares direcionadas por deputados e senadores ao Orçamento da União.

Entre os principais beneficiados está uma ONG com vínculos ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, base política do atual ministro Luiz Marinho (PT). Outras duas entidades que também receberam grandes volumes de recursos estão sob suspeita, o que acende o alerta sobre o direcionamento e a fiscalização desses repasses.

A Unisol Brasil (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil) foi a terceira organização com maior volume de contratos firmados na atual gestão, totalizando R$ 17,6 milhões. A entidade, que durante os governos anteriores — incluindo a gestão Bolsonaro e o último ano de Michel Temer — nunca ultrapassou R$ 4,2 milhões por ano, teve um crescimento impulsionado por um contrato de R$ 15,8 milhões voltado à organização de catadores de lixo e ações em território yanomami, dentro de um plano do governo para combater a crise humanitária na região.

Durante o governo Bolsonaro, o Ministério do Trabalho chegou a ser extinto (2019–2021), mas convênios seguiram sendo registrados no Portal da Transparência, base usada como referência na comparação dos valores.

Outro lado

O Ministério do Trabalho afirmou, em nota, que o aumento nos valores está relacionado à retomada de políticas públicas voltadas ao mercado de trabalho, interrompidas ou reduzidas em anos anteriores. A pasta defende que os recursos estão sendo aplicados em ações estratégicas e emergenciais, como o apoio à população indígena e cooperativas populares.

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