Política

Com apoio de parte do PT, Centrão retoma voto secreto na PEC da Blindagem

Manobra liderada por Hugo Motta é aprovada com margem apertada; bastidores indicam negociação para barrar anistia ampla a golpistas

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (17) a reinclusão do voto secreto na PEC da Blindagem, proposta que dá ao Congresso o poder de autorizar ou barrar investigações criminais contra deputados e senadores no Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi aprovada por 314 votos — apenas seis além do mínimo necessário para mudanças constitucionais.

A manobra foi articulada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por meio de uma emenda aglutinativa, recurso já usado anteriormente por Eduardo Cunha e Arthur Lira para reverter votações desfavoráveis. Na noite anterior, o plenário havia retirado a previsão de voto secreto da proposta.

Embora o PT tenha orientado voto contrário, oito parlamentares do partido votaram a favor da manobra, sendo fundamentais para garantir sua aprovação. A atitude causou polêmica, já que o partido vinha se posicionando publicamente contra o aumento das prerrogativas parlamentares.

Nos bastidores, a movimentação foi interpretada como parte de uma estratégia política do governo e da base petista para conquistar apoio do Centrão na votação da proposta de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Governistas trabalham para barrar o perdão amplo e costurar um texto alternativo que reduza penas — inclusive a do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe.

Além do PT, partidos como o MDB e o PSD também registraram divisões internas. Embora o MDB tenha orientado voto favorável, o presidente da legenda, Baleia Rossi (SP), votou contra, acompanhado de outros seis deputados. No PSD, nomes relevantes também se opuseram à medida.

A PEC da Blindagem e a votação da anistia seguem como temas centrais nas articulações do Congresso, em meio a tensões entre os poderes e disputas internas que envolvem a sucessão da Presidência da Câmara.

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

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