Brasil

Colunista do Wall Street Journal acusa STF de “golpe de Estado” e critica atuação de Alexandre de Moraes

Mary O’Grady afirma que Corte brasileira adotou modelo autoritário e compara postura de ministro ao de Hugo Chávez; texto repercute entre aliados da direita

O jornal norte-americano Wall Street Journal publicou neste domingo (10) um artigo assinado pela colunista conservadora Mary Anastasia O’Grady acusando o Supremo Tribunal Federal (STF) de protagonizar o que ela chamou de um “golpe de Estado” no Brasil. No texto intitulado “Um golpe de Estado da Suprema Corte do Brasil”, a jornalista também faz duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, a quem atribui ações de censura e repressão contra opositores políticos.

Segundo O’Grady, a liberdade nas Américas vive seu maior risco desde a Guerra Fria, em razão do que classifica como uma escalada autoritária do Judiciário brasileiro. Ela compara o STF ao regime do venezuelano Hugo Chávez, sugerindo que a Corte teria assumido poderes típicos de regimes autoritários ao “controlar instituições, silenciar críticos e prender adversários”.


🔍 Críticas ao inquérito das fake news e ao TSE

A colunista concentra parte das críticas no inquérito das fake news, aberto em 2019, quando o STF alegou ameaças à sua integridade institucional. Segundo ela, o processo viola direitos constitucionais ao permitir que a Corte atue simultaneamente como acusadora, investigadora e julgadora — sem controle externo. O artigo ressalta que o ministro Alexandre de Moraes foi escolhido diretamente pelo então presidente do STF, Dias Toffoli, sem sorteio, como prevê o regimento interno.

Desde então, afirma O’Grady, Moraes teria passado a “vigiar redes sociais, criminalizar opiniões e decretar prisões preventivas de críticos”, com ações que seriam incompatíveis com a democracia liberal.

Ela também critica a atuação do ministro durante sua presidência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2022, afirmando que ele monitorou e censurou conteúdos de candidatos, partidos e cidadãos comuns.


🏛️ Senado omisso e anulação das condenações de Lula

O texto também aponta uma omissão do Senado Federal, que, segundo a colunista, deixou de exercer seu papel constitucional de fiscalizar e limitar os poderes do STF. Como exemplo de “politização da Justiça”, ela cita a decisão da Corte que, em 2021, anulou as condenações do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, permitindo que ele voltasse à disputa eleitoral.

A jornalista argumenta que a decisão “inflamou a direita brasileira” e marcou o início de uma repressão mais intensa a influenciadores, parlamentares e plataformas digitais. Ela acusa o STF de obrigar empresas de tecnologia a remover conteúdos sob pena de bloqueio de acesso no Brasil.


✍️ “Ainda não é tarde para salvar o Brasil”, diz colunista

Em tom de alerta, O’Grady encerra o artigo afirmando que “ainda não é tarde para salvar o Brasil”, mas que o caminho para reverter a “tomada de poder gradual” seria difícil. Ela defende uma reação institucional que restaure, segundo sua visão, o equilíbrio entre os poderes da República.


📌 Repercussão

A publicação gerou forte repercussão entre setores da direita brasileira e foi compartilhada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que têm feito críticas recorrentes à atuação do STF. Por outro lado, juristas e especialistas em Direito Constitucional classificam a comparação com regimes autoritários como exagerada e incompatível com o funcionamento do sistema judiciário brasileiro, destacando que as decisões do Supremo são passíveis de recurso e seguem o devido processo legal.

Fabio Foto: Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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