Coca-Cola diz que não sabia de palestra de Moraes ao patrocinar congresso do Ministério Público

A Coca-Cola, multinacional com sede nos Estados Unidos, se pronunciou após vir à tona que um integrante do Departamento de Estado americano telefonou para um executivo da companhia para questionar o patrocínio ao Congresso Nacional do Ministério Público (Conamp), realizado em novembro, onde o ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi um dos palestrantes.
A pressão ocorreu porque Moraes foi alvo, em julho deste ano, de sanções impostas pelo governo Donald Trump com base na Lei Magnitsky, em razão de sua atuação no Supremo. O patrocínio da multinacional ao evento motivou a cobrança direta de autoridades dos EUA.
Em nota, a Coca-Cola afirmou que mantém parceria institucional com a Conamp há vários anos e que o apoio é voltado ao fortalecimento do debate sobre pautas de interesse público. A empresa declarou não ter qualquer interferência na definição da programação ou na escolha dos palestrantes e disse que, quando confirmou o patrocínio da edição deste ano, não havia sido informada sobre quem participaria das mesas e conferências. A companhia também esclareceu que não esteve presente no congresso e não participou de sua organização.
O XXVI Congresso Nacional do Ministério Público teve como tema “O MP do futuro: democrático, resolutivo e inovador”. Moraes, que integrou o Ministério Público de São Paulo antes de chegar ao STF, encerrou o encontro com uma palestra. Os ingressos variaram de R$ 820 a R$ 1.020.
Segundo integrantes da Casa Branca, empresas que operam nos Estados Unidos podem enfrentar sanções secundárias caso financiem pessoas incluídas na Lei Magnitsky. No entanto, no caso da Coca-Cola, a expectativa é de que o episódio resulte apenas em advertência, sem punições formais.

