Campina Grande revive legado de Ronaldo Cunha Lima no lançamento do curta-metragem “Habeas Pinho”

Campina Grande se prepara para um reencontro com sua história, poesia e identidade cultural com a estreia do curta-metragem Habeas Pinho, que será exibido em sessões abertas ao público nesta sexta-feira (8), às 19h e às 21h, no Teatro Municipal Severino Cabral. O filme recria com sensibilidade um dos episódios mais marcantes da vida do poeta, advogado e político Ronaldo Cunha Lima: o dia em que ele usou a poesia para libertar um violão apreendido pela polícia, gesto que uniu lirismo e justiça e ficou eternizado na memória da Paraíba.

Idealizado por Gal Cunha Lima, filha do homenageado, e dirigido por Aluísio Guimarães e Natan Cirino, o curta conta com o ator campinense Lucas Veloso no papel do jovem Ronaldo. A produção envolveu mais de 50 profissionais e dedicou atenção especial à reconstrução da Campina Grande dos anos 1960, desde as fachadas da feira livre até a fiação das ruas, criando uma atmosfera carregada de memória e simbolismo.

Gal Cunha Lima destaca que o filme começou como uma homenagem afetiva, mas rapidamente ganhou dimensão maior ao refletir o legado do pai. “O poeta ainda é muito presente — como advogado, político, pai e amigo. Meu pai foi um humanista, alguém que nasceu para servir”, relata Gal. A produção, realizada com recursos da Lei Rouanet e apoio de empresas locais, deve seguir para festivais e será exibida futuramente em escolas e universidades, trazendo um respiro de poesia em um mundo marcado pela violência.

O ator Lucas Veloso, filho do humorista Shaolin, conta que a imersão no personagem foi profunda. “Não era só imitar, era me tornar Ronaldo Cunha Lima, entender como ele pensava e vivia. É um documento histórico, um ato de resistência e preservação da nossa identidade”, afirma.

Os diretores, Aluísio Guimarães e Natan Cirino, destacam o rigor histórico e o cuidado na direção de arte, que transformaram o projeto em uma superprodução de curta duração, com meses de pesquisa e versões sucessivas do roteiro. “Quisemos homenagear não o político, mas o poeta e sua musa maior: Campina Grande”, diz Aluísio.

O episódio do Habeas Pinho simboliza a união entre arte e direito: Ronaldo Cunha Lima transformou um recurso jurídico em poema para libertar um violão, mostrando que a justiça pode rimar com humanidade. Nascido em Guarabira em 1936, Ronaldo foi prefeito, governador e senador, sempre marcado pelo lirismo de sua oratória.

Com o curta, Campina Grande reafirma sua vocação cultural e histórica, mostrando que a poesia é uma força revolucionária e que a cidade segue escrevendo novos capítulos de sua própria lenda.