Câmara mantém mandato de Carla Zambelli e suspende Glauber Braga após articulação do governo

A Câmara dos Deputados tomou duas decisões relevantes entre a noite de quarta-feira e a madrugada desta quinta ao analisar processos disciplinares contra parlamentares de espectros políticos diferentes.
Os deputados rejeitaram a cassação da deputada Carla Zambelli, presa na Itália desde julho após fugir do Brasil logo depois de ser condenada a dez anos por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça e por porte ilegal de arma de fogo. O placar registrou 227 votos favoráveis à cassação e 170 contrários, número insuficiente para alcançar os 257 votos necessários para a perda do mandato. A parlamentar permanece no cargo, mesmo impossibilitada de exercer suas atividades legislativas.
Antes de chegar ao plenário, o caso de Zambelli havia passado pela Comissão de Constituição e Justiça. O relatório de Diego Garcia, que recomendava o arquivamento, foi derrotado. A CCJ aprovou então o parecer de Claudio Cajado, que defendia a cassação com base na impossibilidade de atuação parlamentar. Apesar disso, a maioria do plenário decidiu manter o mandato.
Horas antes, a Câmara aprovou por 318 votos a 141 a suspensão por seis meses do deputado Glauber Braga. A punição foi adotada no âmbito de um processo por quebra de decoro relacionado a uma briga do parlamentar com um integrante do MBL dentro do Congresso. Um destaque apresentado pelo PSOL retirou do texto a possibilidade de cassação, o que evitaria a inelegibilidade por oito anos.
A votação foi marcada por forte articulação do governo federal e da bancada de esquerda, que se mobilizaram para impedir a cassação de Braga. A operação ocorreu após o Planalto avaliar que o presidente da Câmara, Hugo Motta, havia atuado de maneira adversa ao governo na condução do projeto da Dosimetria. O movimento também foi impulsionado por críticas à atuação de Motta durante a retirada forçada de Braga da Mesa Diretora na véspera da votação.
Integrantes do governo, entre eles o secretário de Assuntos Parlamentares André Ceciliano e o líder José Guimarães, atuaram na reversão de votos. O PSOL também trabalhou para convencer Glauber a aceitar a suspensão. Segundo relatos, Hugo Motta e aliados defenderam a cassação, mas o resultado final representou um revés político para o presidente da Câmara.
Foto: Kayo Magalhães

