Brasil tem 12 embaixadas sem embaixador e sinaliza enfraquecimento diplomático
Postos vagos ou pendentes de nomeação refletem entraves políticos e podem comprometer relações internacionais, afirma Itamaraty

Atualmente, 12 embaixadas brasileiras no exterior estão sem embaixador, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores e do Palácio do Planalto. A ausência de representantes em postos estratégicos gera preocupações sobre o impacto na política externa brasileira e pode ser interpretada como sinal de recuo diplomático ou descompasso político com outras nações.
As vacâncias ocorrem por diferentes motivos. Em países como Sudão e Síria, o cenário de conflitos internos dificulta a permanência de diplomatas. Já na Nicarágua, o embaixador foi expulso pelo governo local. A situação mais emblemática é a da embaixada em Tel Aviv, em Israel, que completará um ano sem embaixador na próxima quarta-feira (28), refletindo o desgaste nas relações bilaterais após críticas públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à atuação israelense na Faixa de Gaza.
Burocracia trava indicações
Apesar da ausência em alguns postos, a maioria das embaixadas sem comando já conta com diplomatas indicados, mas que ainda aguardam aprovação pelo Senado Federal ou nomeação formal pelo Planalto. Outros 12 postos estão em processo de transição de comando, o que amplia a fragilidade diplomática do Brasil em diversos países.
Na última quarta-feira (21), o Senado aprovou cinco indicações feitas por Lula para as embaixadas da Alemanha, Arábia Saudita, Áustria, Irã e Rússia. As nomeações, no entanto, ainda dependem de publicação oficial por decreto presidencial.
Outros sete diplomatas, já aprovados pela Comissão de Relações Exteriores, aguardam votação em plenário. Os países são: Azerbaijão, Belarus, Bélgica, Guiné-Bissau, Panamá, Sérvia e Timor Leste. Já Tailândia, Jamaica e Togo permanecem sem indicados sequer nomeados.
Riscos e prejuízos da ausência diplomática
A falta de embaixadores compromete o diálogo entre governos, prejudica negociações bilaterais, atrasa acordos e dificulta a proteção dos cidadãos brasileiros no exterior. Além disso, reduz a capacidade do Brasil de promover investimentos, exportações, turismo e intercâmbio cultural.
“A ausência de um embaixador pode ser interpretada como desinteresse ou reprovação política, o que gera tensão e enfraquece a presença do Brasil no cenário internacional”, alertam fontes diplomáticas.
Papel estratégico do embaixador
Mais do que uma figura protocolar, o embaixador é o elo direto entre o governo brasileiro e o país anfitrião. Suas funções incluem negociar acordos, resolver crises, promover o comércio, proteger brasileiros no exterior e monitorar cenários políticos e econômicos locais.
O atraso na ocupação desses cargos pode representar perda de protagonismo do Brasil em espaços estratégicos, além de abrir brechas para que outros países ocupem posições de maior influência.