Política

Bolsonaro avalia comparecer ao julgamento no STF por tentativa de golpe

Ex-presidente discute com aliados se estará presente nos primeiros e últimos dias das sessões; saúde e estratégia política pesam na decisão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avalia comparecer presencialmente ao julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para começar no dia 2 de setembro, com término previsto até o dia 12. Ele é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado, e pode ser condenado a mais de 40 anos de prisão.

Segundo aliados, Bolsonaro manifestou o desejo de ir à Corte em pelo menos dois momentos simbólicos: a abertura e o encerramento das sessões. A presença seria um gesto político para mostrar resiliência diante dos ministros que considera “algozes” e evitar a imagem de que estaria acuado. Contudo, sua saúde debilitada — marcada por episódios de soluços, vômitos e complicações decorrentes de refluxo — é apontada por assessores como possível impedimento.

Por estar em prisão domiciliar desde 4 de agosto, Bolsonaro precisaria de autorização do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, para comparecer ao STF. O ex-presidente só deixou sua residência no Jardim Botânico, em Brasília, no dia 16 de agosto, para realizar exames médicos. O boletim indicou tratamento para hipertensão, refluxo e prevenção de broncoaspiração.

Em março deste ano, Bolsonaro já havia comparecido de surpresa ao Supremo durante o recebimento da denúncia. A ação foi comparada por aliados à postura do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que esteve presente em julgamentos nos EUA — onde a presença do réu é obrigatória, ao contrário do Brasil.

Nos bastidores, o clima é de tensão crescente. Bolsonaro estaria irritado e se sentindo injustiçado. As visitas em casa estão limitadas e dependem de autorização judicial — exceto para familiares diretos. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem sido seu principal interlocutor político e costuma visitá-lo com frequência.

Paralelamente, na última quarta-feira (21), a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por suspeita de obstrução das investigações. As conclusões incluem trocas de mensagens com o pastor Silas Malafaia, com conteúdo considerado agressivo e que expôs divergências internas no grupo político, incluindo desconfiança em relação ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

A decisão sobre o comparecimento ao julgamento deve ser tomada com base em estratégia jurídica, avaliação médica e cálculo político, considerando também os reflexos na base de apoiadores e na opinião pública.

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