Bolívia vive disputa acirrada entre Jorge “Tuto” Quiroga e Rodrigo Paz em meio à pior crise econômica em 40 anos
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A eleição presidencial na Bolívia entrou no segundo turno com dois perfis distintos disputando a liderança do país: Jorge “Tuto” Quiroga, ex-presidente e veterano político, e Rodrigo Paz, senador de centro que aposta na bandeira da renovação. O pleito acontece em meio à pior crise econômica em quatro décadas, marcada por inflação de 15,5%, escassez de combustível e filas quilométricas nos postos de gasolina.
O retorno de Tuto Quiroga
Com 65 anos, Quiroga governou a Bolívia entre 2001 e 2002, após assumir a presidência interinamente no lugar de Hugo Bánzer, ex-ditador convertido à democracia. Conhecido como gestor técnico, ele também enfrentou processos judiciais no passado – foi condenado por difamação contra um banco estatal e investigado em contratos de petróleo, sendo depois anistiado.
Em campanha, adota um discurso neoliberal e promete medidas duras:
- fim dos subsídios aos combustíveis;
- busca de apoio junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI);
- corte de gastos públicos;
- fechamento de estatais deficitárias.
“Nunca tivemos uma crise tão dura em 40 anos”, declarou Quiroga, ao defender sua plataforma de “estabilidade, crescimento e trabalho”.
Rodrigo Paz: renovação política
Do outro lado está Rodrigo Paz, de 57 anos, filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993). Nascido na Espanha durante o exílio da família, construiu carreira política como deputado, vereador, prefeito, governador de Tarija e hoje é senador pela Comunidade Cidadã, além de candidato do Partido Democrata Cristão (PDC).
Apesar de ter sido inicialmente ignorado em debates e com campanha modesta, caminhando por feiras e mercados, Paz ganhou força com o discurso contra a corrupção e a promessa de não recorrer ao FMI.
Entre suas propostas estão:
- programa “capitalismo para todos”, com crédito acessível a jovens empreendedores;
- incentivos tributários para fortalecer a economia formal em parceria com o setor privado;
- combate à corrupção como prioridade.
“Na Bolívia, se não roubarem, o suficiente aparece. Não vou pedir dinheiro ao FMI”, disse em entrevista à rádio Erbol.
O peso do vice
A campanha de Paz também atraiu atenção por conta de seu vice, o ex-policial Edman Lara, conhecido nas redes sociais por denunciar corrupção na corporação. Lara foi afastado da polícia em 2024 por “faltas graves”, mas segue popular entre eleitores insatisfeitos com as instituições.
O cenário eleitoral
Analistas apontam que Paz conseguiu canalizar o voto de protesto contra o Movimento ao Socialismo (MAS), partido governista de Luis Arce.
“Havia um voto popular de descontentamento que não queria o MAS, e Rodrigo conseguiu captar esse eleitor”, explicou o analista Carlos Saavedra.
A cientista política Ximena Costa vê em Paz uma aposta de renovação:
“Ele não se dedicou a brigar com adversários, mas a apresentar propostas.”
Foto: Jaderson Moreira/TV Morena