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Pobreza na Argentina cai para 31,6% no primeiro semestre, aponta Indec

Indicadores mostram redução em relação a 2024, mas especialistas alertam para limitações metodológicas na medição

A pobreza na Argentina atingiu 31,6% da população no primeiro semestre deste ano, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O índice representa uma queda de 6,5 pontos percentuais em comparação com o segundo semestre de 2024, quando 38,1% dos cerca de 47 milhões de habitantes viviam nessa condição.

O levantamento também indica redução da indigência, que passou de 8,2% para 6,9% da população no mesmo período. Apesar da melhora nos indicadores, a metodologia utilizada pelo Indec tem sido alvo de questionamentos por centros de pesquisa e especialistas, que afirmam que a dimensão real da queda pode estar superestimada.

Os dados foram divulgados um dia após o programa econômico do presidente Javier Milei receber apoio dos Estados Unidos, o que contribuiu para acalmar os mercados e conter a desvalorização do peso, em um contexto de tensão social. Para o Ministério do Capital Humano da Argentina, a redução da pobreza é resultado das políticas econômicas adotadas pelo governo, que teriam contribuído para o equilíbrio das contas públicas e o controle da inflação.

De fato, a inflação mensal caiu de 25,5% no fim de 2023 para 1,9% em setembro. No entanto, o ajuste fiscal promovido pelo governo também provocou retração no crescimento econômico, no consumo e no nível de emprego.

O Indec considera uma pessoa pobre quando a renda familiar não é suficiente para cobrir o valor da cesta básica total, que inclui alimentos e despesas essenciais, estimada em cerca de 850 dólares para uma família de quatro pessoas. Já a indigência é medida com base em uma cesta composta apenas por alimentos básicos.

Especialistas pedem cautela na interpretação dos números. O sociólogo Daniel Schteingart, do centro de pesquisa Fundar, afirmou que a metodologia pode distorcer os resultados, especialmente em períodos de alta inflação, já que a renda declarada se refere ao mês anterior, enquanto o valor da cesta é calculado com base nos preços do mês atual.

A Universidade Católica também apontou que a queda da pobreza pode estar superestimada, uma vez que as cestas de referência ainda se baseiam em padrões de consumo de cerca de uma década atrás. Além disso, aumentos recentes em tarifas de serviços básicos, após o fim de subsídios estatais, não são plenamente refletidos nos índices oficiais de inflação nem nos dados de pobreza.

Foto: Agustin Marcarian/Reuters

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