BC intensifica vigilância após repasse de R$ 303 milhões do Banco Master ao BRB envolvendo créditos sem lastro
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O Banco Master repassou ao BRB, no fim de 2024, uma carteira de crédito avaliada em R$ 303 milhões cuja origem, segundo o Ministério Público Federal, era uma empresa com perfil de fachada. A operação partiu da The Pay Soluções de Pagamentos Ltda., registrada em nome de uma atendente de lanchonete que está sob investigação por usar maquineta de pagamentos para desviar valores de clientes.
A empresa chamou a atenção das autoridades por não possuir estrutura compatível com operações de alto valor: não tem funcionários, apresentou contatos fictícios à Receita Federal, não realiza atividades financeiras formais e possui capital social de apenas R$ 450 mil. A administradora — que recebe pouco mais de R$ 1,4 mil por mês — responde a inquérito da Polícia Civil por suspeita de desvio de pagamentos.
As inconsistências levaram o Banco Central a reforçar o monitoramento das transações entre Master e BRB. Na revisão, o BC identificou anomalias na carteira vinculada à The Pay. Em fevereiro de 2025, apenas dois meses após o negócio, o Master recomprou os créditos, mas a medida não encerrou o caso.
O MPF e a Polícia Federal ampliaram as investigações, comparando a operação com outras movimentações consideradas atípicas entre as duas instituições. O repasse de R$ 303 milhões passou a integrar um conjunto maior de apurações que envolve o Master e seu controlador, Daniel Vorcaro, preso sob suspeita de crimes financeiros. Para os investigadores, o episódio pode indicar um padrão de negociações sem lastro.

