Política

Eleições legislativas na Argentina desafiam futuro político de Javier Milei

Presidente enfrenta queda de popularidade, denúncias de corrupção e crise econômica às vésperas do pleito

Os argentinos vão às urnas neste domingo (26) para escolher metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, em uma eleição que deve definir o rumo político do presidente Javier Milei. O pleito ocorre em meio à queda de popularidade do governo, denúncias de corrupção e forte pressão econômica sobre a população.

O partido do presidente, A Liberdade Avança, tenta ampliar sua reduzida base parlamentar e fortalecer a governabilidade. No entanto, a oposição peronista, reunida no Fuerza Patria, ganhou impulso após vitórias regionais, especialmente em Buenos Aires, e pode frear as ambições do governo.

Escândalos e perda de apoio

A crise política se agravou após a deputada Marcela Pagano, ex-aliada de Milei, deixar o partido e divulgar denúncias que envolvem a irmã do presidente, Karina Milei, secretária-geral da Presidência. Segundo áudios que estão sob investigação judicial, ela teria participação em um esquema de propina com empresas farmacêuticas — acusações que Karina nega.

Pagano afirmou que o governo “se afastou das promessas de mudança” e ignorou as dificuldades de aposentados e pessoas com deficiência. Ela também criticou o impacto social das medidas econômicas do presidente, conhecidas como “tratamento de choque”, que resultaram no fechamento de milhares de pequenas empresas e na queda do poder de compra.

Popularidade em queda

As medidas de austeridade de Milei — como cortes de ministérios, demissões em massa e fim de subsídios — resultaram em superávit fiscal pela primeira vez desde 2010, mas também aumentaram o custo de vida.

Atualmente, 55,7% dos argentinos desaprovam o governo, segundo pesquisas recentes. O descontentamento é maior entre os trabalhadores e jovens, que foram uma das principais bases eleitorais do presidente em 2023.

Apoio de Trump e risco eleitoral

Diante da crise cambial, Milei buscou apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu ajuda financeira de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 107 bilhões) à Argentina. O republicano, no entanto, condicionou o socorro ao desempenho eleitoral do aliado.

“Se ele ganhar, continuaremos com ele. Se não ganhar, vamos embora”, afirmou Trump na última semana.

As pesquisas apontam uma disputa acirrada entre A Liberdade Avança e os peronistas do Fuerza Patria, o que deve manter o Congresso argentino dividido e dificultar a governabilidade.

Desafios à frente

Analistas políticos avaliam que, mesmo com uma vitória parcial, Milei precisará moderar o discurso e construir alianças para evitar o isolamento político.

“Uma vitória não resolve os problemas da Argentina. Milei precisa aprender a construir pontes e, acima de tudo, mudar seu estilo confrontador”, disse o analista Sergio Berensztein.

Com uma economia em recessão e o custo social das reformas em alta, as eleições legislativas deste domingo podem definir se Milei manterá força para governar — ou se enfrentará um período de paralisia política na Argentina.

📎 Fonte: Terra / DW

Foto: Reprodução/Getty Images

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