Lula diz que narcotraficantes são “vítimas dos usuários” e critica ações militares dos EUA contra cartéis
Durante visita à Indonésia, presidente afirmou que o combate às drogas deve começar pelos usuários e criticou Donald Trump por defender ataques terrestres contra traficantes.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (24) que os narcotraficantes também são vítimas dos usuários de drogas e criticou as recentes declarações do presidente norte-americano Donald Trump, que defendeu ações militares terrestres contra cartéis de drogas na América do Sul.
Em entrevista na Indonésia, Lula disse que o problema do narcotráfico deve ser tratado de forma mais ampla, destacando a responsabilidade do consumo interno.
“Toda vez que a gente fala em combater drogas, possivelmente era mais fácil combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também”, afirmou o presidente.
“Você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, e gente que compra porque tem gente que vende. É preciso mais cuidado no combate à droga.”
As declarações de Lula foram dadas após ele ser questionado sobre a fala de Trump, que comparou os cartéis latino-americanos ao Estado Islâmico e disse que os Estados Unidos poderiam realizar operações militares em solo estrangeiro para combatê-los.
O presidente brasileiro disse que a comparação “falta compreensão da política internacional” e criticou o tom beligerante da fala do líder americano:
“Você não pode simplesmente dizer que vai invadir e combater o narcotráfico na terra dos outros sem levar em conta a constituição de outro país, a autodeterminação dos povos e a soberania territorial de cada nação”, completou.
Durante a viagem à Ásia, Lula também comentou sobre uma possível reunião com Donald Trump, prevista para o próximo domingo (26), que seria o primeiro encontro oficial entre os dois presidentes. Segundo ele, a conversa deve tratar de temas econômicos e diplomáticos, e não há restrições sobre os assuntos a serem discutidos.
“Essa reunião está sendo esperada há algum tempo. Tenho todo interesse em mostrar que houve um equívoco nas taxações e que não há divergência que não possa ser resolvida quando duas pessoas com boa vontade se sentam à mesa”, disse.
Lula destacou ainda que vê o diálogo como “positivo” para ambos os países e que o Brasil está aberto a cooperações, desde que respeitados os princípios de soberania e não intervenção.

