Trump anuncia possibilidade de ações terrestres contra cartéis após sequência de ataques marítimos
Presidente dos EUA diz que pode autorizar operações militares em terra contra traficantes; medida, segundo ele, será discutida com o Congresso após série de bombardeios no Pacífico atribuídos ao combate a drogas
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (23) que estuda autorizar operações militares em solo contra cartéis envolvidos no tráfico de drogas e que o tema deve ser debatido com o Congresso. O anúncio ocorreu um dia após o bombardeio de uma embarcação no Oceano Pacífico — relatado como o nono ataque desse tipo na América do Sul — no qual três pessoas morreram e que, segundo autoridades norte-americanas, tinha o transporte de drogas como alvo.
Em entrevista, Trump disse não considerar necessária uma declaração formal de guerra do Congresso para enfrentar os cartéis. “Bem, não acho que vamos necessariamente pedir uma declaração de guerra. Acho que vamos apenas matar as pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país. Certo? Vamos matá-las”, declarou o presidente a jornalistas, reafirmando a continuidade das operações.
A ofensiva dos EUA contra o tráfico regional tem se intensificado nos últimos dias, com bombardeios que, até então, ocorreram principalmente no Caribe, próximo à costa venezuelana. Washington afirma mirar rotas de tráfico internacional e acusa o governo de Nicolás Maduro de chefiar um cartel classificado pelos Estados Unidos como organização narcoterrorista — acusação negada por Maduro.
Trump também afirmou ter autorizado operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA) em território venezuelano e fez acusações contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que foi chamado publicamente de “traficante” pelo presidente norte-americano; Petro negou as imputações. Ainda segundo a Casa Branca, a presença militar na região inclui destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6,5 mil militares.
Questionado sobre a autoridade para bombardear embarcações em águas internacionais, Trump respondeu afirmativamente, justificando os ataques pelo impacto das drogas nos Estados Unidos — afirmou que 300 mil pessoas morrem por ano por problemas relacionados ao uso de entorpecentes. Ele declarou que, caso o tráfico passe a operar por terra, poderá autorizar ações terrestres e, neste caso, procurará o Congresso para explicar as medidas.
A escalada americana recebeu críticas de especialistas e organismos internacionais. Um grupo independente de especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU), nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos, afirmou que os bombardeios violam o direito internacional e podem equivaler a execuções extrajudiciais, além de ferir a soberania de Estados terceiros. O grupo disse ter contatado os EUA e advertiu que uma ação militar direta ou secreta contra outro Estado constituiria violação da Carta das Nações Unidas.
Fontes citadas na coletiva incluíram reportagens que mencionaram demonstrações de força aérea perto da costa sul-americana, e fotos vinculadas à cobertura do evento foram creditadas à agência Reuters. O governo americano, por sua vez, afirma que as ações visam debilit ar o tráfico internacional de drogas e desarticular organizações que, segundo Washington, operam como grupos terroristas no hemisfério ocidental.
Resumo curto (2 frases)
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que estuda autorizar operações militares terrestres contra cartéis, afirmando que o assunto será discutido com o Congresso. A escalada ocorre após bombardeios navais na região, sustenta críticas de especialistas da ONU por potenciais violações do direito internacional.
Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

