Brasil

CPMI do INSS investiga repasses de sindicato ligado ao irmão de Lula para empresas de diretora jurídica

Família de Tônia Galleti recebeu mais de R$ 8 milhões do Sindnapi, entidade associada a Frei Chico, segundo documentos da comissão

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) investiga repasses milionários do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi) — entidade ligada a Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — para empresas da família de Tônia Andrea Inocentini Galleti, diretora jurídica do sindicato.

Tônia presta depoimento nesta terça-feira (21) à comissão. De acordo com documentos obtidos pela CPMI, três empresas associadas à família de Tônia receberam valores expressivos do Sindnapi:

  • Pellegrino & Galleti Advogados – R$ 3.199.696,45 (sócio: Carlos Afonso Galleti Júnior, marido de Tônia);
  • Gestora Eficiente Ltda. – R$ 2.731.901,13 (empresa ligada à família da diretora);
  • Esférica Assessoria e Sistemas de Informática Ltda. – R$ 2.294.879,68 (sócio: Carlos Eduardo Teixeira Júnior, cunhado).

Segundo o relatório, a Gestora Eficiente era responsável por processar fichas de associados com autorização de descontos e enviá-las à Dataprev, sendo remunerada por comissões proporcionais ao aumento do número de “descontos fraudulentos”. O esquema teria sido batizado internamente de “Projeto Viver Melhor” e envolvia o Banco BMG e a seguradora Generali, ligada ao banco.

A CPMI aponta que a Gestora Eficiente recebeu R$ 4,1 milhões em repasses do Sindnapi, do BMG e da Generali, além de identificar pagamentos a outras parentes de Tônia, como Nita e Neuza Inocentini. Os documentos anexos mostram ainda que os valores repassados aumentavam conforme a “produtividade” da empresa, ou seja, quanto maior o número de descontos irregulares processados, maiores eram os pagamentos.

Apesar das denúncias e dos apontamentos da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre irregularidades nas declarações do sindicato, a base do governo no Congresso atuou para impedir a convocação de Frei Chico.

Segundo a CPMI, 11 requerimentos que pediam o comparecimento do irmão do presidente foram rejeitados por parlamentares aliados ao Palácio do Planalto. Entre os que votaram contra estão os senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP), Humberto Costa (PT-PE), Paulo Paim (PT-RS) e Leila Barros (PDT-DF), além dos deputados Paulo Pimenta (PT-RS), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Rogério Correia (PT-MG).

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