Maduro teria oferecido controle do petróleo venezuelano aos EUA em troca do fim do conflito, diz New York Times

Na tentativa de encerrar o atual impasse político e diplomático com os Estados Unidos, o regime de Nicolás Maduro teria oferecido ao governo americano participação dominante nas reservas de petróleo e em outras riquezas minerais da Venezuela, segundo reportagem publicada pelo New York Times.
As negociações, que ocorreram ainda durante a gestão Donald Trump, se estenderam por meses. A proposta venezuelana chegou à Casa Branca pouco antes de Washington acusar Maduro de liderar um “cartel narcoterrorista” e posicionar navios de guerra no Caribe.
De acordo com o jornal, o acordo rejeitado pelos EUA previa que empresas americanas pudessem explorar todos os projetos de petróleo e ouro da Venezuela, além de obter preferência em novos contratos e redirecionar exportações do país da China para os Estados Unidos. O regime chavista também propôs reduzir acordos com empresas da Rússia, China e Irã.
Nos últimos meses, os EUA intensificaram ações contra embarcações venezuelanas suspeitas de tráfico de drogas, o que, aliado às pressões da Casa Branca, reforçou a percepção de que Trump buscava a queda de Maduro.
O secretário de Estado americano Marco Rubio é um dos principais críticos do regime, chamando Maduro de “fugitivo da justiça americana”. Apesar do tom duro, diplomatas americanos ouvidos pelo NYT acreditam que ainda há espaço para diálogo, dada a relevância do tema diante de crises como a guerra na Ucrânia e o embate comercial com a China.
Bastidores e impasses
Segundo o NYT, oficiais venezuelanos ofereceram riquezas naturais em contradição ao discurso nacionalista do chavismo. O negociador americano Richard Grenell teria avançado em questões econômicas, mas as conversas travaram quando se discutiu o futuro político de Maduro.
O chanceler venezuelano Yván Gil reiterou que o ditador não aceita negociar sua saída. Maduro segue no poder após eleições marcadas por denúncias de fraude e repressão à oposição.
María Corina Machado apresenta alternativa democrática
Enquanto isso, a opositora María Corina Machado, recém-premiada com o Nobel da Paz, apresentou em Nova York uma proposta econômica que, segundo ela, poderia gerar US$ 1,7 trilhão em investimentos nos próximos 15 anos, caso o país volte à democracia.
Sua assessora econômica, Sary Levy, afirmou que “o que Maduro oferece é controle mantido pelo terror” e que investimentos sustentáveis só são possíveis com democracia e estado de direito.
Atualmente, a Venezuela produz cerca de 1 milhão de barris de petróleo por dia — um terço do volume registrado na era Chávez —, e a maior parte segue para a China. Cerca de 100 mil barris diários são vendidos à americana Chevron, hoje a principal empresa dos EUA em operação no país.
Tentativas de aproximação
O NYT lembra que Trump já condicionou apoio político e militar a outros países, como Ucrânia e Síria, ao acesso a minerais e petróleo. A Venezuela, que possui uma das maiores reservas do mundo, seria um alvo estratégico para Washington.
O governo Maduro chegou a ensaiar avanços diplomáticos com a Casa Branca em maio deste ano, quando libertou um veterano da Força Aérea dos EUA em troca da repatriação de uma criança venezuelana retida nos Estados Unidos.
Apesar das divergências ideológicas, Maduro passou a apoiar algumas propostas econômicas americanas, buscando aliviar o isolamento internacional e conter a crise interna que afeta o país há mais de uma década.
Foto: EFE/ Henry Chirinos