Lula e Trump retomam diálogo; presença de Marco Rubio preocupa governo brasileiro
Secretário de Estado dos EUA é visto como linha dura contra regimes de esquerda na América Latina
No meio da comemoração geral no governo brasileiro pela realização de um telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, um detalhe gerou apreensão em Brasília: a indicação de Marco Rubio como interlocutor americano nas tratativas bilaterais.
Secretário de Estado e conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Rubio é considerado pelo governo Lula um “linha dura” em temas relacionados a regimes de esquerda da América Latina. A escolha dele causou reservas nos bastidores, embora o Planalto evite qualquer manifestação pública para não criar ruídos nas conversas recém-abertas entre os dois países.
Nesta segunda-feira (6), em entrevista à TV Mirante, Lula afirmou ter pedido a Trump que Rubio dialogue com o Brasil “sem preconceitos”. O presidente brasileiro comentou ainda que o republicano demonstrou “certo desconhecimento” sobre o país em declarações anteriores.
O telefonema desta segunda-feira foi a segunda interação direta entre Lula e Trump. O primeiro contato havia ocorrido em 23 de setembro, durante a Assembleia-Geral da ONU.
Rubio e o chanceler brasileiro Mauro Vieira já se conhecem há anos — o ministro foi embaixador em Washington e manteve encontros diplomáticos com o republicano, então membro sênior da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA. A última reunião entre ambos ocorreu em 30 de julho, em Washington, mas não foi mencionada publicamente por Rubio, embora Vieira tenha feito um relato reservado sobre o teor das conversas.
Foto: Patrick T. Fallon / AFP