Política

Deputados pressionam Hugo Motta por resposta ao Senado após rejeição da PEC da Blindagem

Parlamentares cobram retaliações após proposta ser barrada na CCJ; relação entre Câmara e Senado fica estremecida

Após a rejeição unânime da PEC da Blindagem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, deputados federais passaram a pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por uma resposta firme à decisão da outra Casa. O impasse elevou a tensão entre Câmara e Senado e abriu discussões sobre possíveis retaliações políticas.

A proposta, aprovada anteriormente na Câmara por ampla maioria (353 votos a 134), previa que parlamentares só poderiam ser processados criminalmente com autorização do Congresso. Motta se envolveu diretamente na articulação da votação e afirmou ter recebido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o compromisso de rápida tramitação — o que não se concretizou.

No Senado, a PEC foi rejeitada por unanimidade na CCJ, sem sequer chegar ao plenário. A decisão gerou desconforto entre deputados, especialmente os que apoiaram o texto e passaram a ser alvos de críticas públicas e nas redes sociais, sendo acusados de apoiar medidas para autoproteção. Alguns chegaram a pedir desculpas publicamente a seus eleitores.

Agora, líderes partidários discutem formas de pressionar o Senado. Entre as ações cogitadas estão o bloqueio de projetos de interesse dos senadores, o travamento da tramitação de propostas conjuntas e a reativação de requerimentos da CPI do INSS que miram gabinetes visitados por Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, acusado de envolvimento em desvios no instituto.

Outra moeda de troca ventilada é o projeto que reduz penas de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro — que só avançaria mediante acordo entre as Casas. O relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), alertou para o risco de o texto ser engavetado: “Não dá para pacificar o país se a Câmara e o Senado estão em guerra”.

Apesar da pressão, Hugo Motta tenta evitar o confronto direto. “Não tem sentimento de traição. Uma Casa não é obrigada a concordar integralmente com a outra. Isso é natural da democracia”, declarou. Nos bastidores, porém, aliados admitem que a relação com Alcolumbre está abalada. Até recentemente, os dois mantinham proximidade política, com direito a viagens conjuntas.

Um encontro entre líderes das duas Casas, inicialmente marcado para buscar entendimento, foi cancelado por Alcolumbre. Uma nova tentativa de reunião deve ocorrer na próxima semana, mas o clima entre Câmara e Senado segue tenso.

Foto: © Getty

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