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Brasil envia oficiais generais à China e sinaliza mudança inédita na política externa

A oficialização da residência de dois oficiais generais das Forças Armadas brasileiras na China gerou forte repercussão nos meios diplomáticos internacionais, sobretudo em Washington. Pela primeira vez, o Brasil estabelece uma representação militar de alto escalão em território chinês. Os militares – um do Exército e outro da Marinha – atuarão como adidos de defesa junto ao governo de Xi Jinping. A medida consta no Decreto nº 12.480, publicado em 2 de junho de 2025.

O movimento é considerado sem precedentes e sugere uma mudança significativa na política externa brasileira, especialmente quando analisado em conjunto com outros gestos recentes do governo Lula, como o fortalecimento do eixo estratégico no âmbito dos BRICS, os estudos para um sistema de navegação por satélite independente e a crescente participação de empresas chinesas no agronegócio nacional.

Aumenta o risco de retaliações dos EUA

O envio de oficiais à China ocorre em meio ao agravamento das tensões com os Estados Unidos. Fontes ligadas à inteligência norte-americana confirmaram que a CIA está investigando a presença chinesa no setor agrícola brasileiro. A preocupação em Washington é que o Brasil esteja se tornando uma ponte estratégica para o fortalecimento da influência de Pequim na disputa global com os EUA.

Nesse contexto, a decisão brasileira vem sendo interpretada como um gesto de aproximação ao regime comunista chinês, o que pode desencadear retaliações diplomáticas ou comerciais no curto prazo. Embora de natureza simbólica, a iniciativa tem implicações estratégicas, reposicionando o Brasil no tabuleiro da “nova guerra fria”.

Quebra de tradição com os Estados Unidos

Historicamente, a diplomacia militar brasileira manteve forte alinhamento com os EUA. Entre 2018 e 2025, por exemplo, o Exército Brasileiro participou de 74 exercícios conjuntos com as forças armadas norte-americanas — número muito superior ao registrado com outros parceiros como México (13), Canadá (9), Guatemala (7) e Honduras (6). Até então, apenas os Estados Unidos contavam com adidos militares brasileiros com status de oficial general.

A nomeação de um general do Exército e de um almirante da Marinha como representantes permanentes em Pequim, acompanhados de outros três oficiais superiores como adjuntos e adido aeronáutico, representa uma clara inflexão geopolítica. Nem mesmo aliados históricos como a Inglaterra — fornecedora de navios de guerra à Marinha do Brasil — contaram com uma presença militar brasileira desse nível.

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