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The Economist critica sanção dos EUA a Moraes e chama ataque de Trump ao Judiciário brasileiro de “sem precedentes”

A tradicional revista britânica The Economist publicou, nesta quinta-feira (31), um editorial contundente contra as sanções aplicadas pelo governo dos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky. Intitulado “O ataque sem precedentes de Donald Trump ao Judiciário brasileiro”, o texto afirma que a medida representa uma interferência inédita em uma democracia em funcionamento.

“Ter como alvo um juiz em exercício em uma democracia em funcionamento é algo sem precedentes”, destacou a publicação.

A revista lembrou que a Lei Magnitsky já foi utilizada contra ditadores, genocidas e assassinos de dissidentes políticos — o que, segundo o editorial, não se aplica a Moraes, que conduz processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado político de Donald Trump e investigado por planejar uma tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Segundo The Economist, o embate entre Trump e Moraes teve início em 2019, com o inquérito das fake news no STF, que teve como alvos grupos bolsonaristas e até empresas americanas. A revista reconhece que, embora controversas, todas as decisões de Moraes foram respaldadas pela Constituição brasileira.

“Nenhuma das ações do Sr. Moraes foi ilegal. Ele é fortalecido por uma das constituições mais longas do mundo”, diz o editorial.

O texto também critica os aliados de Bolsonaro, que, na visão da revista, tentam minimizar a gravidade dos atos de 8 de janeiro de 2023. A publicação chama os ataques em Brasília de “orgia vandalística” e cita investigações da Polícia Federal que apontam planos para sequestrar ou assassinar Moraes e o presidente Lula, elaborados por assessores do governo anterior.

Por fim, a revista avalia que o uso da Lei Magnitsky contra Moraes pode ter o efeito oposto ao desejado por Trump.

“O uso inovador da Lei Magnitsky pode sair pela culatra. Lula agora enquadra o clã Bolsonaro como ‘traidor’. A maioria dos brasileiros concorda. Moraes, acostumado a ameaças de morte, é difícil de intimidar”, conclui o editorial, mencionando ainda a presença do ministro em um jogo do Corinthians no dia do anúncio das sanções.

Foto: Rosinei Coutinho/STF/Alex Bran

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